Vivemos tempos de urgência climática. Os últimos 14 meses bateram sucessivamente o recorde dos meses mais quentes de sempre, à escala global. Por outro lado, cada vez mais parece evidente que os consumidores menos atentos começam hoje a preocupar-se, juntando-se à voz das entidades políticas e dos agentes económicos mais ativamente envolvidos na preocupação ambiental.
A sustentabilidade deixou de ser uma palavra bonita nos relatórios anuais para se tornar um imperativo diário para garantir a permanência económica e social. No mundo empresarial, essa transição já não é uma escolha, mas uma questão de sobrevivência. As empresas que resistirem ao apelo da sustentabilidade arriscam-se a ser relegadas para a história.
Vamos aos factos: os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, a norma ISO 14001 de gestão ambiental e os princípios ESG (Environmental, Social, Governance) são hoje standards incontornáveis. Não se trata de meros acrónimos para enfeitar discursos, mas de pilares estruturais que moldam o futuro empresarial.
Os critérios ESG oferecem uma abordagem integrada. Falar de sustentabilidade sem considerar os impactos sociais e a governança é tapar o sol com a peneira. Os investidores globais estão a olhar cada vez mais para estes critérios (e o próprio financiamento está hoje dependente dos critérios ESG – as chamadas finanças verdes).
E, por uma boa razão, as empresas que integram preocupações ambientais, sociais e de governança são mais resilientes e rentáveis a longo prazo. É claro que a transição para práticas mais sustentáveis continua, apesar de tudo, estranhamente difícil. Existem resistências internas, custos de implementação e a inércia do status quo.
Uma das maiores dificuldades da gestão é gerir a mudança e, no entanto, como nos diz a Teoria dos Recursos, as empresas que prosperam são aquelas que aprendem e reconfiguram as suas competências para criar inovações de produto e do processo.
Os benefícios superam largamente os desafios, já que as empresas que investem em sustentabilidade não só melhoram a eficiência e reduzem custos, como também aumentam a satisfação dos colaboradores e a lealdade dos clientes.
Não é por acaso que tantas empresas em Leiria estão a dar passos largos nesta direção. A nossa região está a mostrar que é possível combinar lucro com propósito. Desde a adoção de energias renováveis até ao desenvolvimento de produtos ecológicos, estamos a assistir a uma verdadeira revolução verde (como o comprovam algumas iniciativas de que a agenda mobilizadora do PRR – “embalagem do futuro” é um exemplo).
Em tempos de crise climática e crescente regulação, a sustentabilidade deixou de ser um nicho para se tornar o mainstream. As empresas que não perceberem isso correm o risco de serem marginalizadas e as que liderarem esta mudança estarão a construir um legado duradouro.
Texto escrito segundo as Regras do Novo Acordo ortográfico de 1990