Parecem personagens que escaparam da tela para a realidade a três dimensões. Little Brats, trabalho vencedor da última edição do Prémio Novos Artistas Fundação EDP 2022, coloca velhos protagonistas numa nova vida, como esculturas extraídas da tinta.
“São as figuras que sempre fiz, simplesmente, estão noutro suporte, que não é o habitual”, explica a autora, Adriana Proganó. “Elas sempre tiveram necessidade” de “sair cá para fora”. Então, “devagarinho”, a fuga consumou-se.
O júri destaca “a singularidade” da proposta assinada pela antiga aluna da Escola Superior de Artes e Design de Caldas da Rainha (ESAD.CR), “que aliando ironia e humor à crítica institucional, apresenta um olhar renovado da prática da pintura e do seu prolongamento no campo do objecto”. Salienta, também, a “ousadia” da artista nascida em 1992, na Suíça, “ao produzir algo inédito dentro da sua trajectória, em diálogo com os temas e as linguagens a que se tem dedicado”.
A exposição Little Brats pode ser visitada até segunda- feira, 6 de Fevereiro, em Lisboa, no MAAT – Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia.
No ano passado, Adriana Proganó acumulou o Prémio Novos Artistas Fundação EDP 2022, divulgado em Outubro, com a primeira edição do Concurso Caixa para Jovens Artistas, uma iniciativa da Caixa Geral de Depósitos, através da Culturgest, decidida em Dezembro – além dela, com um óleo sobre tela sem título, de 2020, no lote de seis vencedores encontra-se também João Gabriel, outro antigo estudante da ESAD.CR, do Politécnico de Leiria.
Como seria de esperar, o reconhecimento traz “alguma relevância”, “muitos convites” e “mais pressão” para entregar encomendas. Adriana Proganó está actualmente a preparar a primeira exposição individual na galeria 3+1 (em Lisboa, a ocorrer em Maio) e a primeira participação na feira internacional Arco, em Madrid, já no mês de Fevereiro, para a qual são anunciados números esmagadores: 93 mil visitantes, 1.300 artistas, 500 coleccionadores e profissionais, 185 galerias, 30 países.
Quando cria, sente “alívio”. A arte tem sido, “desde criança”, o “único caminho” para Adriana Proganó. “São coisas que tenho de fazer para estar bem”, adianta. “Há esta vontade de fazer e é quase um desespero se não fizer”. Produz “com facilidade” e guia-se através da “impulsividade”, da “excitação” e da “curiosidade”, num processo a partir do desenho que é, sobretudo, espontâneo. “Só alguns meses depois de a obra estar finalizada é que começo a pensar sobre ela, porque, na altura, estou só a seguir sentimentos de prazer, não estou a analisar”, explica ao JORNAL DE LEIRIA. “Faço coisas que tenho vontade de fazer e que me façam feliz, não interessa o que vá acontecer com elas”.
Natural de Luzern, Adriana Proganó cresceu no Porto e actualmente vive e trabalha em Lisboa.
Do período na ESAD.CR, onde se licenciou em Artes Visuais e iniciou um mestrado, entre 2013 e 2017, destaca a “liberdade muito maior” proporcionada aos estudantes, do ponto de vista criativo, em comparação com outras escolas.
Estudou também em Itália (na Accademia di Belli Arti di Venezia) e desde 2018 que participa em exposições individuais e colectivas.
Está representada, entre outras, na Colecção de Arte Contemporânea do Estado, na Colecção da Fundação EDP, na Colecção António Cachola, na Colecção Norlinda e José Lima e na Colecção Caixa Geral de Depósitos.