Uma advogada da Marinha Grande está a ser julgada pelo Tribunal de Leiria, acusada de crimes de burla qualificada, actividade ilícita de recepção de depósitos e outros fundos reembolsáveis e falsificação de documentos, num prejuízo para as vítimas de 5.5 milhões de euros.
Alexandra Malpique é arguida neste processo juntamente com Fernando Pereira – que se encontra em parte incerta – e a sociedade Wave Fund Management, uma offshore com sede no Panamá, que era representada pelo arguido.
De acordo com a acusação a que o JORNAL DE LEIRIA teve acesso, entre a 2007 e 2010, a partir da Marinha Grande, a Wave Fund Management, através do seu representante Fernando Pereira, “dedicou-se à actividade de recebimento de depósitos, com a promessa de juros acima de mercado, entre 2% e os 7% ao mês, pagamento mensal, possibilidade de resgate imediato garantindo a sua robustez financeira e restituição a quem solicitasse, nomeadamente através de assinatura de confissão de dívida”.
[LER_MAIS] O Ministério Público adianta que a advogada “actuava como angariadora de clientes” para a empresa e o seu representante, “recebia toda a correspondência, disponibilizava o seu escritório, afiançava aos potenciais investidores a segurança no investimento, procedia à redacção de documentos jurídicos, reconhecia assinaturas e até emitia cheques em nome próprio para garantia dos investidores”.
Em troca, Alexandra Malpique recebia valores da empresa e directamente dos alegados investidores, que “depositava na sua conte e posteriormente transferia para parte da sociedade arguida”.
[LER_MAIS] “Na sequência da actividade concertada de arguidos, entre Agosto de 2007 e Outubro de 2010” foi depositado na conta da Wave Fund Management “créditos no valor de 5.5 milhões de euros”.
Na acusação está descrito os contactos que os arguidos realizaram junto de nove pessoas, com a promessa de uma rentabilidade elevada, entregando a todas uma “confissão de dívida” em troca das verbas que estas lhes entregava.
Os alegados lesados eram aliciados para “participar num negócio da empresa, que existia há mais de cinco anos e era muito segura” e que “consistia na aplicação de dinheiro numa plataforma que geria uma série de outras aplicações financeiras, designadamente na bolsa, petróleo, pedras preciosas e moedas”.
Uma dos lesados era administrador de insolvência de duas empresas da região, que chegou a estar no processo como suspeito. No entanto, em sede de interrogatório explicou que entregou valores referentes às massas insolventes que representava, acreditando que “traria vantagens” para estas.
Quando este solicitou a restituição do capital e juros, a arguida “respondeu que teria de aguardar porquanto existia auditoria e o dinheiro vinha do estrangeiro” e “nada foi devolvido até à presente data”, refere a acusação.