Tal como está a acontecer um pouco por todo o País, a afluência às urgências do Centro Hospital da Leiria (CHL) sofreu uma quebra significativa desde o surto da pandemia. Em Março, a descida rondou os 32%, comparando com o período homólogo, sendo que na segunda quinzena, a redução foi maior, aproximando-se dos 50%. Em Abril, a quebra ultrapassou os 53%.
De acordo com dados facultados pelo CHL, em Março, os vários serviços de urgência da instituição atenderam 10.310 pessoas, ou seja, menos 4.804 (32%) do que em igual período do ano passado, sendo que estes dados incluem as urgências geral, pediátria, ginecológica e obstétrica do Hospital de Santo André e as básicas dos hospitais de Alcobaça e de Pombal. As quebras maiores registaram- se entre os doentes que, na triagem recebem as pulseiras amarela (-2.560) e verde (-1.846).
Os dados de Abril evidenciam uma quebra ainda maior. Até ao passado dia 19, foram registados 4.303 episódios de urgência, quando em igual período do ano passado tinham sido atendidas 9.265 pessoas, o que representa uma redução de 53,5% (-4.962).
Também neste período a quebra se fez sentir, sobretudo, entre os pacientes classificados com prioridade amarela e verde. Comparando os dados de 2020 com os de 2019, verifica-se que até ao dia 19 deste mês houve apenas menos um doente com pulseira vermelha. Os ‘laranja’ passaram de 803, em Abril de 2019, para 489, em 2020.
O Conselho de Administração (CA) do CHL atribui a redução das idas à urgência, “em linha com a realidade das restantes instituições de saúde do País”, a várias factores. Um deles prende-se com as regras de isolamento, “que obrigam as pessoas a ficar em suas casas e a evitar o recurso às urgências em situações não urgentes pelo receio de contágio”.
A esse factor acresce “o grande abrandamento na actividade económica, com menos empresas a trabalhar, logo com menos acidentes de trabalho, menos carros a circular, logo com menos acidentes de viação, escolas encerradas, logo com menos doenças transmitidas entre crianças”.
Mas há um outro factor, “mais preocupante”, no entender da administração do CHL, que resulta de haver pessoas “a desvalorizar sintomatologia importante que devia ser motivo de contacto com a linha SNS 24 e posterior recurso às urgências, evitando assim sair de casa.
Esse comportamento que “pode ser perigoso”, adverte o CA do CHL, assegurando que a instituição tomou “todas as medidas necessárias para receber e tratar doentes infectados, mas também os doentes de patologia não Covid-19”, com a criação de zonas de urgência autónomas. “
Em caso de urgência não deixem de ligar para a Linha SNS 24 e, se for caso disso, de vir ao hospital”, reforça o CA. Mensagem semelhante tem sido transmitida por representantes do Ministério da Saúde, da Direcção- Geral da Saúde e do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), em reacção à quebra generalizada na afluência às urgências e nas chamadas para o INEM.
Dados divulgados na semana passada indicam que, a antes da pandemia, o Centro de Orientação de Doentes Urgentes recebia em média 3.800 chamadas, hoje são menos 500 por dia” (média diária de 3300), revelou o secretário de Estado da Saúde, António Sales.