“Uma sonoridade sem espaço para meio termo” que emana do “pacto de sangue entre beats sujos e barulhentos e a voz crua e sentimental”. É assim que a dupla Agressive Girls, de que faz parte Tânia Caldeira, natural de Leiria e antiga aluna da Escola Superior de Artes e Design de Caldas da Rainha, se apresentam na respectiva página do Bandcamp, onde está disponível o EP de estreia, lançado em Janeiro deste ano.
Os sete temas do primeiro EP, o homónimo Agressive Girls, vão ser a base do concerto desta sexta-feira, no Centro Cultural e de Congressos (CCC) de Caldas da Rainha, no contexto da programação do festival Impulso, em que Tânia Caldeira (nome artístico: Dakoi) e Diana Santos (Diana XL) também vão interpretar o mais recente single, “Não Confio”, partilhado ontem nas plataformas digitais.
No perfil do Bandcamp, escrevem que enquanto gritam “sobre as frustações com o mundo e com quem as enfrenta”, é “o namoro entre a vida e a morte” que as deixa “esfomeadas de viver”.
A estética é punk, com electrónica e influências do metal, sem fugir ao formato pop.
“Inerentemente activista”, dizem ao JORNAL DE LEIRIA. “Há tanta energia envolvida que tentamos expressar isso de forma física”, comenta Diana Santos, sobre a “performance de corpo e de voz” que costumam levar a palco.
“O que é ser uma mulher artista” e “o que é ser uma mulher queer artista”, entre outros assuntos que conhecem por experiência própria, como “a crise da habitação”, a “questão laboral”, a “vida precária” numa cidade (Lisboa) que por vezes parece que as quer expulsar, atravessam as letras das canções, que começaram a ser construídas em casa, durante o ano de 2023.
No CCC de Caldas da Rainha, esta sexta-feira, 10 de Maio, também vão actuar Filipe Sambado e Galgo. O início da noite está agendado para as 21:30 horas.
Apóis colaborarem pela primeira vez no EP Mastiga, que Tânia Caldeira lançou no ano passado como Dakoi, os “interesses parecidos” e a “maneira de trabalhar” levaram-nas a criar um tema em conjunto, “Não levo a mal”, que as convenceu a estabelecerem-se como dupla e com o nome Agressive Girls.
“Foi uma experiência numa tarde, fez todo o sentido para nós e quisemos continuar”, salienta Tânia Caldeira.
O EP de estreia, explica-se na página do Bandcamp, “foi criado pela necessidade de exteriorizar a sua luta” e de “buscar a superação e a paz que precisam para viver após se terem encontrado em um momento difícil de vida”.
“As batidas fortes e raivosas exprimem a sua vontade de finalmente vencer e ter algo que as faça sentir satisfeitas”, pode ler-se.
“Há um pensamento forte sinestésico onde a sua música é associada com cores” e “procuram uma experiência mais expansiva não se restringindo à dimensão sonora nos seus concertos e videoclipes”, é referido no texto de divulgação.
O projecto é, por outro lado, um contributo para a emergência do universo queer e feminino com uma sonoridade em que as Agressive Girls constrastam com as artistas nacionais mais ouvidas.
“As pessoas precisam sempre de exemplos e de referências”, assinala Tânia Caldeira, durante a conversa com o JORNAL DE LEIRIA.
Depois do Impulso, Dakoi e Diana XL têm espectáculos agendados em Lisboa no B.Leza (16 de Maio, com 800 Gondomar) e na Sala Lisa (19 de Maio, com Reia Cibelle e Cleric Beast) e ainda no Porto, a 2 de Junho, no Serralves em Festa.