O retrato, carregado a tons de terrenos em pousio, é feito por Abel Braz, presidente da Cooperativa Agrícola do Concelho de Pombal (Copombal). “Os nossos agricultores são pessoas de 60,70 e 80 anos e não há quem queira continuar a actividade numa zona de minifúndio, voltada ao ostracismo por parte das entidades oficiais”.
Tendo em conta os resultados apresentados pela Cooperativa de Pombal, que a voltaram a colocar no ranking das 100 maiores em Portugal, poderia dizer-se que o dirigente até nem teria razões para se queixar. Mas não é assim. O declínio da agricultura de minifúndio, a falta de políticas de coesão que capacitem as comunidades rurais e evitem o despovoamento, e de atractivos que promovam a renovação geracional no mundo rural, são motivos mais do que suficientes para Abel Braz temer pelo futuro das zonas rurais e das próprias cooperativas.
Fundamentais para ajudarem os pequenos agricultores a enfrentar desafios comuns, como a negociação de preços justos, obtenção de crédito ou a partilha de recursos e conhecimentos, as cooperativas agrícolas já conheceram tempos mais prósperos no nosso País.
Em Fevereiro do ano passado, a então ministra da Agricultura e da Alimentação, Maria do Céu Antunes, criou um grupo de trabalho para elaborar um documento estratégico: “Cooperativas Agrícolas 20|30”. O Governo caiu e não mais se ouviu falar deste trabalho.
Já este ano, há pouco mais de um mês, o actual ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, assegurou estar a preparar uma proposta para submeter em Bruxelas, com vista à alteração do Acordo de Parceria do Portugal 2030 e à consequente acomodação dos “investimentos nas cooperativas, no âmbito do aumento da capacidade de armazenamento, digitalização e descarbonização”.
A esperança, caso esta proposta seja aceite e a nova estratégia europeia sugerida por Ursula von der Leyen para a agricultura tenha consequências positivas, é que as nossas cooperativas e os pequenos agricultores reforcem a cooperação e a capacidade de produção.
Se assim não for, vão continuar a produzir apenas para subsistir e, em alguns casos, por uma questão de “higiene mental”, como diz, meio a sério, meio a brincar, o presidente da Copombal.