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Quadrilhas, marzurkas, corridinhos e círculo circassiano são algumas das danças que os alunos do curso de Desporto e Bem-Estar da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais (ESECS), do Instituto Politécnico de Leiria vão ensinar hoje, dia 30, no All Dance Leiria.
O evento que junta vários estilos de danças tradicionais portuguesas e internacionais tem hoje a sua 10.ª edição a partir das 13:30 horas, na grande tenda de Natal instalada na Praça Paulo VI (largo do Papa), em Leiria.
O All Dance é uma avaliação de final de semestre da cadeira de Dança dos alunos do curso de Desporto e Bem-Estar, da ESECS, onde centenas de convidados e participantes são incentivados a expressar-se pela dança. O evento conta com dois momentos.
Das 13:30 às 17 horas, abre-se à participação das escolas, mas, a partir das 20:30 e até à 1 hora, o baile é para todos. Os alunos do IPL ensinam danças novas a todos os que ali se dirigirem para aprender. Haverá até uma oficina onde os alunos chineses do Curso de Tradução Chinês-Português vão ensinar uma dança tradicional do seu país.
O baile será animado pela música ao vivo do grupo Ahkorda. Após alguns anos em que o evento aconteceu no ginásio da própria ESECS, passou para o Mercado de Sant'Ana, devido à quantidade de pessoas interessadas em aprender danças tradicionais.
"Falámos com a Câmara de Leiria que adorou a iniciativa e nos apoiou. Foram nossos padrinhos. Com o passar do tempo, também o Mercado se tornou pequeno e, no ano passado, fomos para a Praça Rodrigues Lobo, que também se revelou pequena para acolher as mais de 1200 pessoas que apareceram. Este ano, vamos para a tenda grande do largo do Papa", conta Marisa Barroso.
A coordenadora da Secção de Motricidade Humana, do Departamento de Motricidade Humana e Linguagens Artísticas e docente de Dança na ESECS explica que a iniciativa teve início em 2008, quando decidiu tornar a cadeira de Dança, mais apelativa para os alunos do curso de Desporto, Saúde e Bem-Estar.
“Pareceu-me interessante abrir a iniciativa à comunidade, até porque as oficinas de dança tradicional e baile estavam a desenvolver-se no resto do País e, em Leiria, não existiam. Além disso, ter outras pessoas, fora do curso, a dançar tornava a avaliação mais interessante", recorda. Logo no primeiro ano, o All Dance foi estendido a pessoas externas às aulas e o nome apareceu na segunda edição, após um trabalho de pesquisa e sondagem junto dos alunos.
Dança para invisuais, pessoas em cadeiras de rodas e com necessidades especiais
Com a abertura das aulas de dança ao público externo, surgiu a possibilidade de incluir a população com necessidades especiais. Não interessa a idade, se os participantes são invisuais, se sofrem de paralisia cerebral ou física, se usam cadeiras de rodas, ou se a sua aptidão para dançar e coordenação física é semelhante à de um paralelepípedo de calçada, todos têm lugar nas danças do All Dance.
Rodam para um lado e rodam para o outro, dão as mãos e passam ao par seguinte. Todos dançam as mesmas danças, as adaptações são mínimas. Até 22 de Dezembro, as aulas abertas à comunidade, incluindo as três desenhadas para públicos especiais, são orientadas por docentes e estudantes trabalhadores do IPL (projecto dos Serviços de Acção Social do IPL) e realizadas ao abrigo do Programa Nacional de Desporto Para Todos, do Instituto Português do Desporto e da Juventude.
As sessões acontecem no ginásio da ESECS e na Cantina 3 da ESTG, em Leiria. Não é necessária inscrição. Basta aparecer, de segunda a sexta-feira, num dos horários publicados na página de Facebook All Dance Leiria. "Há muitos efeitos benéficos para a coordenação e [LER_MAIS] concentração", diz Marisa Barroso que explica que as músicas portuguesas têm origem nos ranchos etnográficos e folclóricos.
Também há muitas contra-danças, de grupo, francesas e inglesas, da Turquia, da Roménia, da Rússia, da Polónia, da Alemanha, africanas.
Voluntários dão uma ajuda
Além dos alunos do 3.º ano de Desporto e Bem-Estar, para ajudar no All Dance e nas aulas de [LER_MAIS] dança, há 20 voluntários, todos alunos das licenciaturas e dos Cursos Técnicos Superiores Profissionais (CTeSP) do IPL, que ajudam a montar as aulas, o som, fazem fotografia e participam na dança.
Até o grupo Ahkorda tem uma ligação próxima com o evento. "Este colectivo cresceu com o All Dance. Há uns anos, um dos nossos alunos, o Rafael Gomes, faltava muito às aulas de sexta-feira. Lá me explicou que tocava concertina num grupo. Pedi-lhe que tocasse ao vivo no All Dance. Trouxe um colega e recriaram logo uma música tradicional portuguesa dessa vez. A partir daí, Ahkorda tornou- se presença normal todos os anos."
Para participar nesta experiência de expressão corporal com menu internacional, o melhor é, logo, a partir das 20:30 horas, vestir uma roupa confortável e ir até à Praça Paulo VI, em Leiria.
Este ano, os alunos vão ensinar a dançar a troika – uma dança de origem russa, que simboliza um conjunto de cavalos a puxar uma carroça -, o círculo circassiano, de origem britânica, a scotish, que, apesar do nome, é polaca, a mazurka, da República Checa, e o Corridinho Mar e Vento da Nazaré (adaptação do Rancho Tá-mar e tocada pelos Ahkorda), o Saraquité, dos Uxu Kalhos, ou Erva Cidreira.
"Temos procurado novas danças nos grupos etnográficos, pelo menos naqueles que nos têm aberto a porta. As danças vêm do povo, estes grupos salvaguardara m-nas, mas ainda há quem as guarde apenas para si. Se vieram do povo, não deveriam ser devolvidas? ", desabafa Marisa Barroso, lembrando que, do outro lado do espectro, há grupos prestáveis e abertos, que a têm ensinado e que é necessário criar um método de ensino, como o que existe para a música.