São imensas as referências, principalmente nas últimas décadas, sobre a Alta Estremadura Portuguesa ou “Estremadura Alta” como chegou a escrever Alexandre Herculano (1810-1877), com base na província da Estremadura anterior a 1936. É um tema que dificilmente se esgota.
Fará sentido defender a Alta Estremadura, de certa forma concebida nas décadas de 60 e 70 do século XX, como uma verdadeira identidade que o tempo esfumou e que nos anos noventa do mesmo século deu frutos com o aparecimento do Centro do Património da Alta Estremadura (CEPAE), da Associação Folclórica da Região de Leiria – Alta Estremadura (AFRL-AE) e da Associação de Desenvolvimento da Alta Estremadura (ADAE)?
Após duas décadas esgotadas no século XXI, a Alta Estremadura parece desaparecer no meio do nevoeiro de muitas outras procuras/regiões/comunidades que vão aniquilando a identidade que esta região devia ver regada pela união da promoção cultural, económica e social, para se conseguir afirmar perante o poder central, concentrado em Lisboa.
Mas, será a Alta Estremadura ou mesmo a Estremadura essa identidade? E o distrito de Leiria que nunca funcionou como uma identidade consensual? Está agora repartido, como sempre esteve, principalmente com as várias regiões de turismo que o fragmentaram ao longo dos anos.
Tanto se tem falado na zona Oeste como uma afirmação identitária. Mas, Oeste não vai de Caminha a Sagres? O distrito está traçado por duas Comunidades Intermunicipais. A do Oeste, por exemplo, é constituída por concelhos dos distritos de Leiria e Lisboa. Não está em causa o papel de ambas, bem pelo contrário. Caso contrário, seria bem pior…
A questão que se coloca é como vamos definir e defender a identidade de uma região que não se revê, por igual, no seu próprio distrito? Com o presente texto não se pretende ignorar a “existência” da Alta Estremadura ou da zona Oeste, mas apenas abrir lugar a uma reflexão perante diversas teorias que foram sendo pasmadas como verdade de limites geográficos que nunca existiram.