Rodrigo Ferreira, 17 anos, da Escola Secundária Domingos Sequeira, em Leiria, esteve duas semanas no Verão S'Cool LAB, do CERN – Organização Europeia para Pesquisa Nuclear em Genebra, na Suíça, um laboratório de aprendizagem de Física de partículas.
“Para me candidatar tive de escrever uns textos a falar sobre a Física. Enviei cartas de recomendação de professores e o certificado de habilitações. Eles escolhem um aluno por país, nunca pensei que fosse o seleccionado por Portugal”, explica.
Quando viu o email a confirmar a sua ida para o CERN nem queria acreditar. “Fui apanhado de sur- presa, porque achava um bocado improvável”, diz. Sabia que iria aprender “coisas novas”, “ter aulas” e “divertir-se”.
As expectativas deste jovem apaixonado pela Física foram superadas. “Constatei que tem várias aplicações, inclusive para a Medicina. A pesquisa nuclear é muito interessante. Tive aulas, palestras e elaborei um projecto de grupo relacionado com a análise de dados de partículas com acelerador. Durante a pesquisa descobrimos algumas partículas subatómicas. Foi algo idêntico ao que aconteceu quando descobriram o bóson de Higgs”, uma partícula que confere massa a outras partículas e que va- leu a dois cientistas o Prémio Nobel da Física.
“Acima de tudo, foi muito divertido. Foi uma oportunidade única e que me fez pensar que gostava de trabalhar no CERN, que parece uma pequena cidade”, conta. Rodrigo Ferreira frisa que percorrer este gigante laboratório de uma ponta à outra demora cerca de 40 minutos a pé.
“Trabalham milhares de pessoas de todo o mundo. No restaurante encontrámos alguns dos melhores cientistas, como John Ellis.” O estudante integrou um grupo de 30 jovens de todo o mundo, que tiveram também oportunidade de visitar o centro de controlo, “que tem uma parte gerida pela NASA” e o “local onde foi inventado o World Wide Web (WWW)”.
“Foi pena não termos visitado os aceleradores, que [LER_MAIS] era uma das partes mais interessantes. Mas estando a funcionar não sairíamos de lá vivos.” O que também surpreendeu Rodrigo Ferreira foi o “ambiente informal” que se vive no maior laboratório do mundo.
Apesar de ter sido a maior experiência nesta área, o jovem já participou no ESO Astronomy Camp, em Itália, e integrou um dos projectos finalistas do CanSat Portugal, um projeto educativo da Agência Espacial Europeia (ESA).
“Estes campos são importantes para desenvolver a ciência nos jovens e ajudam-nos a tomar decisões no futuro”, considera. Com nota 20 a Físico-Química e 18,3 no exame nacional, o seu futuro passará por “alguma coisa na área da investigação ligada à Física”.
Consciente de que Portugal tem “tão bons investigadores como os outros países”, Rodrigo Ferreira sabe que esta é uma área de grande competitividade, onde “as pessoas têm de se destacar e fazer a diferença”. E voltar ao CERN é um objectivo.
“Vou tentar concorrer ao Summer Students, que se destina aos estudantes do ensino superior.”