A primeira reacção de Andrés quando ouviu falar do que está a acontecer em Moçambique, onde esteve no último Verão a acompanhar os pais na viagem de investigação que fizeram à Gorongosa, foi a de doar as poupança do seu mealheiro para ajudar os seus “amigos que não têm casa”.
Mas Andrés, de seis anos, não se ficou por aí. Filho de Susana Carvalho, investigadora natural de Leiria que é directora adjunta no Parque Nacional da Gorongosa, Andrés aceitou o desafio lançado pela mãe de colocar o seu talento para a arte ao serviço das vítimas do ciclone Idai.
Pôs mãos à obra e está a fazer ilustrações para oferecer a quem efectuar doações através do fundo de apoio à Gorongosa. A missão começou a 3 de Abril e, até ao próximo dia 20, este artista de palmo e meio propõe-se chegar aos 900 desenhos.
“Faça uma doação e obtenha ilustração”, desafia Andrés, através da página do Facebook do projecto. As contribuições podem ser feitas através do site, clicando em “Donate”.
Os autores do donativo serão depois contemplados com um dos trabalhos de Andrés. “As pessoas vão ter acesso aos desenhos – alguns serão originais e outros são cópias [LER_MAIS] de alta qualidade – depois da Páscoa e no início de Maio, via correio postal. Enviaremos a todos o seu desenho, com a assinatura do artista”, assegura Susana Carvalho, frisando que, apesar de a ideia ter vindo dela, “tudo o resto só é possível por causa da generosidade e talento do Andrés”.
As verbas angariadas “são na íntegra usadas para providenciar ajuda de emergência imediata às populações da Gorongosa”, para as necessidades mais básicas, como comida, água, roupa e materiais para a reconstrução de casas.
“As pessoas perderam tudo. Não têm absolutamente nada. Hoje [dia 4 de Abril] li a história de uma mulher que deu à luz um bebé, em cima de uma árvore, durante o pico das cheias do ciclone. Incrível a resiliência do ser humano”, conta a cientista, que, desde 2017, lidera um programa de investigação naquele parque nacional moçambicano, onde as consequências do ciclone foram “absolutamente devastadoras”.
“Vai levar tempo a recuperar, mas estamos a fazer tudo o que podemos para acelerar esse processo e poder voltar, para continuar o trabalho juntos, que é essencial para manter os empregos no parque, sustento de muitas famílias que dependem da presença do turismo e dos cientistas”.