O bispo da Diocese Leiria-Fátima, D. António Marto, chama a atenção para as fragilidades que resultam da pandemia às quais deve ser dada uma resposta que rejeite o individualismo.
Afirma o cardeal que “ao vírus do individualismo e da indiferença aplica-se a medicina do cuidado recíproco”.
Segundo uma nota do Gabinete de Imprensa da Diocese, D. António acaba de publicar a mensagem para o tempo litúrgico da Quaresma, que vai começar na próxima quarta-feiras, dia da imposição das cinzas.
No contexto actual em que as pessoas começam a manifestar “cansaço, perplexidade e desespero” por causa da terceira vaga da pandemia, também a fé começa a sentir os efeitos das restrições sanitárias.
Daí que o cardeal lança as mesmas questões que são levantadas pelo Papa Francisco: “será que Deus nos quer dizer algo? O silêncio da crise que o mundo vive pode ser um espaço vazio ou de escuta. É um vazio ou estamos em fase de escuta?”.
O cuidado recíproco e a amabilidade
D. António Marto serve-se da mensagem do Papa para também este mesmo período, reiterando o convite “a cuidar antes de mais as virtudes fundamentais do cristão: a fé, a esperança e a caridade”. Para cada uma daquelas virtudes, lança três breves parágrafos.
As três virtudes teologais têm um importância especial na Quaresma, já que esta é “um tempo para acreditar” e para “viver a esperança (…) no recolhimento e oração silenciosa”.
Por aquelas as duas terem na caridade a mais alta expressão da fé, o prelado dedica-lhe grande parte da restante mensagem, dando orientações de vida pessoal, sobretudo no relacionamento com as outras pessoas, e instruções mais práticas que têm a ver com questões programáticas de âmbito diocesano.
O bispo diocesano chama a atenção para as fragilidades que resultam da pandemia às quais deve ser dada uma resposta que rejeite o individualismo. Afirma que “ao vírus do individualismo e da indiferença aplica-se a medicina do cuidado recíproco. Devemos ter presente que cuidar não se limita a prestar cuidados indispensáveis. Começa antes demais por aproximar-se do outro”.
Mais concretamente, como o Papa, pede aos fiéis que sejam amáveis “para nos tornarmos ‘estrelas no meio da escuridão’”.
“Uma pessoa amável deixa de lado as suas preocupações e urgências para prestar atenção, oferecer um sorriso, dizer uma palavra de estímulo, possibilitar um espaço de escuta no meio de tanta indiferença”, afirma.
Renúncia, reconciliação, peregrinação e programação
Na segunda parte da sua mensagem, D. António Marto discorre sobre quatro pontos concretos, sendo que o último tem implicações que vão para lá da Quaresma.
Como é habitual, faz uma referência ao destino a dar à tradicional renúncia quaresmal: por sugestão da Presidente da Cáritas nacional, a colecta feita será destinada à Cáritas de Leiria devido ao “aumento exponencial do número cada vez maior de pessoas e famílias que recorrem às Cáritas diocesanas”.
Lembra que, no ano passado, também por causa da pandemia, “não foi possível fazer o habitual peditório de rua (como também não será este ano), nem o previsto ofertório”.
“A Quaresma é um tempo propício para celebrar o sacramento da penitência e reconciliação”, pelo que, apara além de exortar os fiéis à sua celebração, lembra os sacerdotes de que devem acatar as normas da Penitenciaria Apostólica, com a escolha de “um lugar ventilado fora do confessionário, a adopção de uma distância adequada, a utilização de máscaras protetoras, sem prejuízo da atenção absoluta à salvaguarda do sigilo sacramental e à necessária discrição”.
Acerca de Peregrinação diocesana a Fátima, este ano, como se compreende, “não será possível fazê-la na forma habitual com a presença da assembleia dos fiéis” e sugere que seja feita sob a “forma de peregrinação interior”.
Contará, no entanto, poder celebra a Missa no Santuário, que será transmitida pela TV Canção Nova.
Finalmente, informa oficialmente que o biénio previsto no plano pastoral, passa a triénio.
“Tínhamos traçado um programa pastoral para este primeiro ano do biénio dedicado à ‘Eucaristia, comunidade cristã e missão’ na esperança de que a pandemia regredisse”, explica.
Porque isso não aconteceu, D. António declara que serão adiadas para o próximo ano algumas actividades programadas para este.