Os fabricantes de cutelaria da região atravessam uma fase positiva, com aumento de produção, de mercados e de volume de negócios. O crescimento é o resultado de anos consecutivos de investimento em novas tecnologias, justificam várias empresas do sector.
Mas, tal como noutros ramos de actividade, e apesar de toda a tecnologia adoptada, também este regista dificuldade em encontrar recursos humanos para acompanhar a tendência de expansão, nota Sérgio Félix, secretário-geral da Associação Empresarial da Região Oeste.
Sediada em Santa Catarina, em Caldas da Rainha, a Ivo Cutelarias regista este ano um aumento no volume de negócios na ordem dos 10%, face ao ano passado. “Vamos acabar 2022 com 11 milhões de euros de volume de negócios”, estima Ivo Peralta, administrador, que atribui o crescimento não só ao aumento do [LER_MAIS]custo das matérias- primas – que teve impacto nos preços dos seus artigos – mas também à forte aposta da unidade em robots e outra tecnologia de ponta, investimento que, só no ano passado, rondou dois milhões de euros.
“Já em 2022 arrancámos com um novo projecto, de cerca de 700 mil euros, que continuará ao longo de 2023, que envolve mais maquinaria de amolagem”, adianta o empresário, perspectivando que, no próximo ano, a Ivo Cutelarias possa crescer mais 20% a 25%.
São tecnologias que permitem aumentar a produção diária, diminuir o prazo das entregas e possibilitam ainda diversificar produtos, dando resposta a mercados mais exigentes, observa.
A modernização tecnológica foi acompanhada pelo aumento de número de colaboradores (mais 20), pelo que a unidade conta agora com uma equipa de 210 pessoas.
A Ivo Cutelarias exporta mais de 90% do que produz, para mais de 90 países, e tem como principais mercados o Canadá, os Estados Unidos e o Norte da Europa. “Mais capacidade produtiva tivéssemos e mais artigos venderíamos”, realça o administrador. “O nosso nome está associado a qualidade”, remata.
Sediada na Benedita, em Alcobaça, também a Jero tem vindo a crescer. Não só como resultado dos investimentos realizados, mas fruto também do regresso de alguns clientes ao mercado europeu, explica Samuel Serrazina, gestor nesta unidade. “Estamos a crescer em 2022, embora o aumento do volume de vendas também tenha sido acompanhado de aumento de custos com matérias-primas, devido à inflação”, observa.
“Este crescimento tem a ver com os investimentos realizados nos diferentes departamentos, com o objectivo de fazer aumentar a quantidade e a qualidade dos artigos”, salienta Samuel Serrazina.
Além disso, este crescimento está associado ao “regresso de alguns clientes à Europa, que tinham operações na Ásia, mas que, face à subida dos custos com transportes, contentores, etc., fizeram contas e perceberam que aqueles mercados já não são assim tão competitivos”. E percebem que o mercado europeu é “mais consistente”, “mais controlado”, por oposição a outros, onde existe mais volatilidade, fruto das suas estratégias políticas, repara o gestor.
A Jero exporta 98% da cutelaria que produz, para 27 países, e tem na França o seu principal mercado. Emprega 105 colaboradores e deverá registar, no final de 2022, um volume de negócios de aproximadamente 4 milhões de euros, acima dos cerca de 3,5 milhões de euros que alcançou no ano passado.
Também a Icel, da Benedita, prevê fechar o ano com crescimento. A empresa emprega 193 pessoas e exporta 75% do que produz, sobretudo para Estados Unidos, Grécia, Países Baixos e Espanha.
Em 2022, “esperamos atingir dez milhões de faturação, que será sensivelmente um crescimento de 10% relativamente a 2021. Este crescimento deve-se, em parte, à dinâmica da empresa no mercado, e, em parte, à inflação de preços.
A Icel vai faturar mais porque vendeu mais, mas o incremento de preços também tem relação directa, em parte, com o aumento dos preços”, realça o director-geral, Nuno Radamanto.
Santa Catarina e Benedita
Chama-se Cutelarias de Santa Catarina e Benedita o cluster, que é também uma marca colectiva, criada em 2018, e que reúne oito empresas de cutelaria instaladas nestas localidades de Caldas da Rainha e de Alcobaça.