Sendo natural da Nazaré, não devia ter escolhido as sete saias em vez do dobok?
Sim, podia ter escolhido as sete saias, têm muito significado, são um dos ex-libris da minha terra. Mas optei pelo dobok, que uso até hoje, e do qual também muito me orgulho.
Mas sabe distinguir um chicharro?
Sim, apesar de não ser muito entendida na matéria, sei distinguir todo o tipo de peixe.
Quando a tiram do sério, costuma avisar que é cinturão negro em artes marciais?
Não! Gosto de apanhar as pessoas de surpresa. Não é muito fácil tirar-me do sério, sou uma pessoa tranquila, ponderada… mas, quando isso acontece, não costumo puxar dos galões, pois não é o cinturão negro que faz de mim aquilo que sou.
Já perdeu a conta ao número de medalhas e títulos nacionais?
Há coisas às quais não se perde a conta. Tenho 20 títulos de campeã nacional. Quanto às medalhas… são muitas. Momentos: o exame para cinturão negro, o primeiro combate e, sem dúvida, este terceiro lugar no Campeonato da Europa.
A lição mais importante que o taekwondo lhe ensinou?
Ensinou-me, sobretudo, a respeitar os outros e a mim própria, e a lutar pelos meus objectivos.
Uma frase que se aplica no tapete: cão que ladra não morde ou quem espera sempre alcança?
Para mim…quem espera sempre alcança. Sempre foi um dos meus lemas, e a prova disso são os últimos resultados que alcancei. Trabalhei muitos anos para esta medalha.
Aprender com o pai, que é mestre, tem mais vantagens ou desvantagens?
A única desvantagem é que eram sempre as filhas a pagar as favas. No entanto, é muito bom aprender com o mestre que também é pai. Foi sempre ele que me orientou neste caminho, neste meu percurso; foi sempre ele o meu mentor. É claro que é muito bom tê-lo sempre presente.
Ele pedia-lhe para não bater nas outras meninas?
Não, não era preciso. Eu fui sempre uma menina pacífica, nunca fui de estar envolvida em confusões.
Hilário contra Hilário: quem ganha?
Ganhamos os dois… o meu pai através da grande experiência de vida e de taekwondo, e eu, pelo que vou bebendo dessa mesma experiência e de todos os seus ensinamentos. Acho que é um empate justo.
E quem se mete com os Hilários leva?
Corre o risco. Não, nunca aconteceu. A primeira opção é sempre evitar o confronto; qualquer praticante deste tipo de modalidades tem a noção da sua força e das suas capacidades, e isso pode ser muito perigoso, daí…evitar sempre.
Outra área em que a família dá cartas são os crepes, famosos no Verão da Nazaré. O segredo está na massa?
Sim, um dos segredos está na massa, e esse nem eu sei, está bem guardado nos cofres do Senhor Crêpe. O outro segredo está no amor com que se fazem as coisas…
E as carteiras, porta-agendas e outras peças de artesanato com assinatura Armanda Hilário, ainda vão dar negócio com marca registada?
Em princípio não! É apenas um hobby, ajuda-me a relaxar, a descontrair…
Em criança sonhava ser campeã nacional de taekwondo ou rainha do carnaval da Nazaré?
Sonhava ser campeã nacional de taekwondo. Quanto a ser Rainha de Carnaval, nunca tinha pensado muito nisso. Adoro o carnaval, mas é uma coisa que se vive tão intensamente que não é preciso ser-se Rainha para que se vivam momentos inesquecíveis.
Quando desfilou na marginal com a coroa do Entrudo sentiu-se mais ou menos orgulhosa do que nos dias em que representa a selecção de Portugal?
Ser Rainha de Carnaval acontece uma vez na vida – no fundo, é o reconhecimento por tudo o que fizemos pelo Carnaval. Quando fui Rainha, tive um Carnaval de sonho, vivi momentos e experiências que jamais esquecerei. Representar a selecção nacional é, de facto, um grande orgulho; já o faço desde 2005 e cada vez que saio de casa com a minha bandeira, saio sempre muito feliz, muito orgulhosa…
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