Fui ver a exposição que está no Banco das Artes sobre o trabalho do arquitecto Álvaro Siza Vieira. Pensava eu, que estava mais ou menos preparado para visitar a exposição, pois já visitei algumas exposições de arquictectos e foram todas muito parecidas. No piso da entrada estava precisamente aquilo que esperava: desenhos arquitectónicos modelados num qualquer programa computadorizado. Os desenhos foram ampliados para ocupar a totalidade das paredes, o que conferiu um aspecto profissional a esta primeira secção. A sala é dedicada à obra de requalificação do moinho de papel de Leiria. Mostra-nos esboços, fotografias, um vídeo com o testemunho do próprio autor e uma escultura que está no centro da sala.
Subi ao piso superior e foi aí que o curador me tirou o tapete debaixo dos pés. As paredes estavam todas ocupadas com desenhos. Desenhos sobre arquitectura? Não sei bem. Um desenho sobre o cavalo de Troia a descarregar pessoas dentro duma cidadela é sobre arquitectura? Ou sobre guerra? Será sobre deuses e mitologias ou será sobre heróis/pessoas extraordinárias?
Não estava à espera dum arquitecto a desenhar como um artista plástico, sem uma finalidade, sem rigor anatómico ou fidelidade estética. São desenhos maioritariamente com pessoas e parecem ter sido todos feitos a partir da observação directa dos modelos. Este método de desenhar geralmente dá neste tipo de aspecto: gestual, económico, sintetizado, e quando bem feito é elegantíssimo. Em alguns o autor desenhou-se a si próprio a desenhar. É um exercício de desenho de qualquer aluno de arte e o Álvaro aqui prova estar completamente dentro do assunto.