A instalação / performance Death of a Dictator é um acontecimento que pretende sensibilizar através de vários sentidos, para questões relaccionadas com a liberdade de expressão, a pena capital e o quadro de valores que individualmente e colectivamente assumimos como basilares. Existe uma componente visual que se expressa a partir dum cenário construído duma maneira não exacta historicamente, mas que remete para a apresentação dum possivel cenário grotesco de encenação da morte de ditadores célebres. Em contraste com estes cenários inanimados, são dirigidos actores, para que simulem de algum modo, os momentos imediatamente antes ou imediatamente depois da morte de cada uma das personagens. Cada uma destas encenações tem também uma componente auditiva, que nos ajuda a interpretar o que estamos a ver. Mas mais importante que estas duas componentes imediatamente perceptíveis, a visual e a auditiva, que fazem parte da produção destes objectos/instalação, está uma componente intelectual e moralista, que nos atinge num segundo momento. Estamos perante a encenação de um momento quase morte / morte, que em principio nos deveria despertar sensações de compaixão, humanitarismo, entreajuda ou compaixão. Em vez disso traz à pele outro tipo de sensações como alívio, justiça feita, ou até mesmo alegria.
Serão estas execuções exceções que nos ajudam a confirmar a regra? Em principio, sim. O ser humano evolui para a abolição da pena capital, para um mundo pacifista. Ou seja, nunca a favor de matar, sempre a favor de preservar a vida. Nestes casos específicos aqui apresentados, o nosso quadro de valores tem tendência a mudar. É-nos apresentado este dilema. A morte dum ditador é uma coisa boa? Será que a morte dum individuo, seja ele quem for, deve ser celebrada?
A apresentação do Colectivo Serra pretende levantar questões, mas não indica respostas. Cabe ao espectador interpretar.
O projecto apresenta uma seleção de nove ditadores, célebres: Benito Mussolini, Adolfo Hitler, António de Oliveira Salazar, Nicolae Ceau?escu, Saddam Hussein, Papa Leão X, Luís XVI e Marie Antoinette, Caio Júlio César e Cleópatra VII. Apresenta também um texto escrito por Benjamim Gil, sobre cada um dos ditadores escolhidos e um trabalho gráfico e de ilustração desenvolvido pela Lisa Teles.
A não perder numa próxima oportunidade.