Entrar pouco depois das 8 da manhã numa das salas de aula da Escola Secundária Afonso Lopes Vieira, em Leiria, é quase como enfrentar o frio que está na rua. As funcionárias ligam os aquecedores, mas o calor perde-se rapidamente devido à falta de isolamento que os vários blocos do estabelecimento de ensino apresentam.
O cenário na maioria das salas, nos dias de grandes baixas e temperatura, como aqueles que se estão a verificar durante esta semana, obrigam a que professores e alunos não dispam os casacos grossos. Alguns estudantes procuram manter-se quentes debaixo de mantas, usando luvas e até gorros.
“Habitualmente não permitiria, mas nesta situação, abro uma excepção e deixo-os estar assim vestidos”, refere uma docente. Celeste Frazão, directora da ESALV, lamenta a falta de condições físicas da escola. “Éramos a escola de Leiria que mais precisava de obras e foi aquela que ficou de fora das intervenções da Parque Escolar. Poderíamos poupar muito mais dinheiro no aquecimento se o Ministério da Educação realizasse obras ao nível das janelas e estores, beneficiando o isolamento dos edifícios”, revela, admitindo que há alunos que trazem pequenos aquecedores de casa.
Perante uma “economia em franca recuperação”, a directora questiona ainda a “falta de investimento na Educação”, que deveria ser uma pasta “prioritária”, sobretudo, “quando se verifica investimentos noutras áreas”.
A escola gasta em gás e electricidade uma média de quatro mil euros, por mês, nos períodos em que as temperaturas descem mais. “Já pedimos à DGEstE [Direcção-Geral dos Estabelecimentos Escolares] para requalificarem o isolamento, [LER_MAIS] a parte eléctrica e a canalização. Já estiveram aqui deputados e denunciaram estas condições, mas nada ainda foi feito”, insiste, considerando que os alunos acabam por ser prejudicados face aos colegas de outras escolas.
“Aqui fazemos muito com pouco. É difícil para estes jovens se concentrarem nas aulas com o frio que está. Na ESALV trabalha-se realmente por amor à camisola e nada disto favorece o bem-estar dos alunos”, acrescenta Leonor Freitas da Silva, presidente do Conselho Geral.
O amianto é outro dos problemas com que a escola se debate há vários anos. “Há três salas onde chove. Se isso acontece é porque as placas de fibrocimento estão danificadas, o que se torna um perigo. Nos últimos anos, temos tido o aparecimento de cancro em colegas e não sei se não se poderá associar-se à exposição ao amianto”, questiona Celeste Frazão.
As falhas na estrutura são também evidentes pela humidade que se verifica nos tectos e paredes de alguns espaços. “Esta sala foi lavada no Verão e já tem o tecto neste estado”, constata a directora. Com cerca de mil alunos, a ESALV tem vindo a aumentar o número de estudantes para dar resposta à redução de turmas financiadas nos colégios com contratos de associação.
“Este ano não tínhamos cadeiras nem mesas em número suficiente para os alunos que recebemos.”
O JORNAL DE LEIRIA pediu esclarecimentos ao Ministério da Educação, mas até ao fecho da edição não obteve resposta.
Estes são apenas alguns dos problemas que a escola enfrenta diariamente, a que se juntam outros, como por exemplo, refere Celeste Frazão, a mobilidade dos jovens com deficiência motora para o pavilhão gimnodesportivo e dentro dos blocos, pois só um tem elevador.