Nos últimos dois anos lectivos, o Politécnico de Leiria registou um aumento de 60,7% do número de pedidos de estatuto por parte de estudantes com necessidades específicas (ENE), resultado do projecto “100% In®” – Projecto de Inovação Social para a Inclusão Integral de Estudantes com Necessidades Específicas.
“Estes dados demonstram que não há vergonha em pedir o estatuto”, e que “é identificada, por parte dos estudantes, uma vantagem associada ao estatuto”, adiantou Ana Oliveira, COO da Logframe, empresa responsável pela avaliação do projecto, citada numa nota de imprensa.
Os dados preliminares foram apresentados esta segunda-feira, dia 28, no âmbito da conferência “Diversidade no Ensino Superior: Inovação, Inclusão e Acessibilidade”, que permitiu fazer um balanço do projeto, abordando os seus desafios e oportunidades para o futuro.
Os dados preliminares do estudo mostram um crescimento de 44 pedidos no ano lectivo de 2019/2020 para 96 em 2020/2021 até aos 111 registados no ano lectivo 2021/2022.
Projecto contribui para a integração
Segundo o mesmo estudo, 47% dos ENE inquiridos admitem que o projecto “100% in®” contribuiu “muito” ou “totalmente” para a sua integração, uma percepção que é partilhada por 82% dos coordenadores dos cursos do Politécnico de Leiria inquiridos.
No ano lectivo transacto, 52,7% dos ENE referiam sentir-se bastante integrados na instituição de ensino superior, uma percentagem em linha com os 50% registados no ano lectivo 2021/2022.
“A universidade é o lugar do conhecimento, sendo a sua competência a produção científica, mas deve ser também o lugar da pluralidade, da diversidade e do respeito pela diferença. O “100% in®” é, efectivamente, um projecto com grande impacto na nossa instituição, é uma marca do Politécnico de Leiria. É uma marca que vai continuar e vai ficar connosco para sempre, porque é um projecto que trouxe grandes benefícios e em que o centro foi o estudante”, salientou Carolina Henriques, pró-presidente do Politécnico de Leiria, na sua intervenção, citada no comunicado.
A responsável acrescentou que acredita que é “tão ou mais importante que o conhecimento científico é o propósito de uma vida solidária”. “Sermos capazes de nos formarmos a nós docentes e técnicos para um projecto de vida solidária onde envolvemos os nossos estudantes é também trabalhar o futuro”, defendeu.
Transpor para o secundário
De acordo com os ENE contactados, o acompanhamento dos gestores de caso, o apoio dos professores e coordenadores dos cursos, assim como o acolhimento dos colegas são apontados como os factores que mais contribuíram para a sua integração.
No que respeita ao índice de autonomia no seio da instituição de ensino superior, o estudo indica que 50% dos ENE consideram conseguir aceder aos recursos do Politécnico de Leiria de forma autónoma, embora o acesso a auditórios e serviços administrativos sejam avaliados de forma menos positiva.
Embora o projecto “100% in®” apresente uma abordagem centrada nos ENE, é necessário um reforço no envolvimento de todos, apostando em medidas concretas de sensibilização de toda a comunidade académica, denota ainda um balanço efectuado.
“Recomenda-se o alargamento do projecto a montante, de forma a que possa ser replicado no ensino secundário.”
Em jeito de conclusão, Carolina Henriques destacou que “o ensino superior desempenha um importante papel no desenvolvimento das sociedades”, assegurando que “também o Politécnico de Leiria desempenha, desempenhou e vai continuar a desempenhar este importante papel na sociedade, bem como na liderança dos processos de transformação”.