A pouco mais de um mês do Europeu de pista coberta, sonhar em conquistar uma medalha para Leiria é, cada vez menos, uma utopia. Na competição, que se disputará em Torun, na Polónia, de 5 a 7 de Março, Auriol Dongmo parte, cada vez mais, como uma séria candidata a uma das três rodelas em metal.
Na sexta-feira voltou a prová-lo. A atleta radicada em Leiria e treinada por Paulo Reis no Centro Nacional de Lançamentos venceu o meeting de Karlsruhe, na Alemanha, com a marca de 19,65 metros, novo recorde nacional absoluto e a melhor marca europeia em pista coberta desde 2014.
Para cúmulo, o registo na prova do World Indoor Tour da lançadora de 30 anos, nascida nos Camarões e naturalizada portuguesa desde o final de 2019, é a nova melhor marca mundial do ano. Isto tudo, frente a algumas das principais rivais para o ano que agora começa e que terá o seu culminar em Tóquio, nos Jogos Olímpicos, em Julho e Agosto.
“Já esperávamos um nível alto, mas a start-list acabou por superar as nossas maiores expectativas: quase parecia um Campeonato do Mundo”, admitiu Paulo Reis. “O desafio era tentar, com esta concorrência, que mostrasse a melhor versão dela própria.”
O número
19,65
A pressão era “obviamente alta”, o que jogou a favor da atleta. “A ansiedade e o nervosismo, quando utilizados da melhor forma, podem catapultar os atletas para resultados de excepção e foi o que aconteceu. A Auriol superou todas as expectativas e este teste de elevado grau de dificuldade foi completamente superado.”
Por isso mesmo, o treinador mostrou-se pouco surpreendido com este registo tão cedo na temporada. “Sim e não. Os dados que tinha em termos de treino não me davam indicação de ela ir lançar tão longe. Sabia que estava bem, mas não ao melhor nível. Sabia que podia chegar aos 19 metros, mas ultrapassou o que era expectável. Mas desde 2017, quando veio trabalhar comigo, que sei que ela tem uma grande capacidade de superação nos momentos mais importantes. Já percebi que a este nível o que faz diferença é a força mental da atleta.”
Há, pois, três objectivos que pontificam para a temporada 2020/21. Se a medalha na Polónia é evidente, ultrapassar a barreira dos 20 metros e subir ao pódio nos Jogos Olímpicos não o são menos, clarifica Paulo Reis.
“Uma medalha em Tóquio provavelmente exigirá 20 metros e, em condições normais, uma medalha no Europeu. É pouco provável que alguém que não consiga uma medalha no Europeu depois o consiga nos Jogos Olímpicos.”