Cristina Sousa, presidente da Junta de Freguesia da Marinha Grande, reconheceu o erro, diz tê-lo corrigido e acredita ter condições para continuar a desempenhar o cargo. Numa conferência de imprensa, realizada terça-feira, a autarca informou que não pondera renunciar ao mandato.
Os esclarecimentos foram prestados pela presidente, eleita pelo movimento +MPM, depois de, em Assembleia de Junta de Freguesia, Carlos Carvalho, deputado do PS, ter questionado Cristina Sousa sobre serviços que a Junta teria adjudicado à Bónuskar, empresa de comércio de veículos onde a autarca tinha sociedade.
Na conferência de imprensa, Cristina Sousa explicou que em causa estão 11 reparações de veículos (uma em 2021 e dez até Abril de 2022), no valor de cerca de 5.500 euros.
Logo depois de ter vencido as eleições, que decorreram no final de Setembro de 2021, Cristina Sousa renunciou à gerência da empresa. No entanto,[LER_MAIS] continuou a pedir orçamentos à Bónuskar e a mais duas empresas, tendo adjudicado serviços à entidade onde se mantinha sócia.
Foi ao frequentar formação em Administração Pública, em Abril de 2022, que a autarca percebeu que o procedimento não estaria correcto e a junta deixou de trabalhar com a Bónuskar, contou.
Após ter sido questionada na Assembleia de Freguesia, a presidente não só deixou a sociedade como devolveu a totalidade do valor dos serviços pagos à Bónuskar, informou.
“Estou a fazer o melhor pelos fregueses e corrigi o meu erro, por isso não entendo que esteja numa situação fragilizada”, justificou Cristiana Sousa, que assim entende ter condições para continuar o mandato.
Para garantir que irá proceder dentro da legalidade, a Junta recorre, a partir de agora, a apoio jurídico. “Não há fundamentação para perda de mandato”, acredita o advogado, António Rebordão Montalvo, presente na conferência.
“Gerir a coisa pública é coisa sagrada, inviolável, mas não podemos atirar as pessoas para gerir a coisa pública sem que recebam formação para o efeito”, defendeu. Realçou também o facto de a presidente ter renunciado de imediato ao cargo de gerente, pós-eleições, e, tendo detectado o erro, ter deixado de trabalhar com a Bónuskar. Notou ainda que a presidente já devolveu o dinheiro e já deixou a sociedade.
Ao nosso jornal, Aurélio Ferreira, presidente da Câmara da Marinha Grande (+MPM), enfatizou o trabalho que tem sido desenvolvido por Cristina Sousa, que tem sido reconhecido pelos munícipes. “Todos devíamos ter formação para nos podermos candidatar a autarca, mas essa formação não existe”, disse ainda.
Contactado pelo JORNAL DE LEIRIA, Carlos Carvalho informou que tenciona questionar, na próxima Assembleia de Freguesia, a presidente de mesa, por que razão não enviou um pedido de esclarecimentos ao Ministério Público (MP), “quando lhe compete preservar a legalidade dos trabalhos”.
No entanto, disse, “acredito que o MP já terá informações e vou aguardar pela decisão”.