As barreiras de betão, apelidadas por alguns como um muro de Berlim, que se estão a erguer em frente ao Mosteiro Santa Maria da Vitória, junto ao IC2, na Batalha, estão a gerar contestação.
Apesar do projecto prever a colocação de milhares de árvores para atenuar o impacto visual, muitas pessoas consideram que a melhor solução para proteger o monumento da circulação rodoviária é a isenção de portagens na A19.
"Parece um muro de Berlim. Sei que a ideia é ainda serem colocadas árvores, mas o primeiro impacto é péssimo. Quero ver como fica o final da obra, mas com o dinheiro que está a ser gasto poderia ser dada a isenção de portagens para os veículos pesados, ou criar um valor mais barato", constata Alfredo Barros, empresário de uma loja junto ao mosteiro.
A A19 foi construída para retirar grande parte do trânsito que passa no IC2, de modo a preservar o monumento, classificado como património da Humanidade, dos efeitos do ruído e poluição da circulação automóvel. No entanto, a colocação de portagens levou a que a A19 seja uma das vias menos utilizadas na região de Leiria.
Pedro Coelho, outro cidadão da Batalha, também defende que a solução deveria passar pela "isenção de portagens". Segundo refere, "não faz sentido nenhum aquele mamarracho".
"Duvido que não houvesse outra solução arquitectónica e não consigo perceber como vai proteger o Mosteiro. Esta obra vai tirar a beleza ao monumento, que tem toda uma grandiosa história. É certo que tem de se proteger o Mosteiro, mas não com esta solução", salienta.
Também José Travaços Santos garante que a resolução do problema passa pela "abolição de portagens". Para este historiador, "não se justifica o pagamento de portagens num troço tão pequeno".
Paulo Batista Santos, presidente da Câmara, concorda que a solução ideal seria a abolição ou redução de portagens na A19. No entanto, "o Governo do PS, liderado por José Sócrates, atribuiu uma concessão por vários anos que inclui portagens".
Segundo o autarca do PSD, [LER_MAIS] "para o Estado português a única forma é resgatar a concessão”, que também defende, “mas a Câmara não pode fazer nada".
"Temos de valorizar o que é um património da UNESCO e fazer com que fique o mais visível possível, mas seria uma irresponsabilidade não tomar medidas imediatas de minimização dos actuais impactos ambientais, ruído e trepidação", reforça, lembrando que passam naquela zona "15 mil veículos por dia".
O presidente da Câmara acrescentou que esta solução "não invalida que a Câmara continue a reclamar junto do Governo a abolição ou redução de portagens para os veículos pesados". O projecto de intervenção em curso resulta de parceria com a Direcção-Geral do Património Cultural e a concessionária Infraestruturas de Portugal e deverá estar concluído no final do próximo mês.
Árvores tapam betão em frente ao mosteiro
A Câmara da Batalha informa que “vão ser plantadas dez mil espécies, entre árvores, arbustos e plantas, que vão dissipar completamente o impacto visual das barreiras que nesta fase estão à vista, tornando mais agradável e mais atractiva a área e permitindo ver-se o mosteiro, porque irão intercalar com placas transparentes”, explica Paulo Batista Santos, ao salientar que a colocação deste jardim vertical “cumpre a função relevante de redução das emissões de dióxido de carbono para o mosteiro”, que é património da UNESCO que já por duas vezes notificou o monumento devido aos impactos do tráfego automóvel no IC2”.
O presidente tranquiliza “aqueles que se interessam pelo património”, porque a autarquia está “muito atenta ao desenvolvimento do projecto e, havendo necessidade de rectificar alguma coisa, também será realizado, desde que o objectivo primordial do mesmo – a preservação e a valorização do monumento – seja garantido”.
Além da instalação da cortina arbórea, integrará ainda a construção de uma ecopista, bem como a melhoria das instalações sanitárias existentes nas imediações do mosteiro e dos espaços afectos ao estacionamento”.