O Bloco de Esquerda vai questionar o Governo sobre aquilo que diz ser uma “chantagem” aos habitantes das freguesias de Porto de Mós, privados de telecomunicações e acesso à internet.
No cerne da questão estão as declarações públicas do director de comunicação da Altice, André Figueiredo, que, na semana passada, durante a cerimónia de formalização de um protocolo para reforçar a rede de telecomunicações nas dez freguesias do concelho “e referindo-se a e-mails enviados por cidadãos à empresa, afirmou que as reivindicações da população ‘não criam bom ambiente para os privados’”.
Para o BE, o responsável “ameaçou” as populações de várias freguesias do município de Porto de Mós de que “ficariam sem fibra óptica, por terem chegado à empresa manifestações de descontentamento por falta de cobertura” de serviços de telecomunicação no município.
“O BE considera inaceitável que a população de Porto de Mós tenha de se sujeitar às ameaças, humores e chantagens de um director de uma operadora privada para aceder aos serviços de telecomunicação a que tem pleno direito”, refere o partido, no documento enviado ao Governo.
[LER_MAIS]Recentemente, o deputado Ricardo Vicente (BE), eleito pelo círculo de Leiria para o Parlamento visitou São Bento, onde reuniu com a população e autarcas e prometeu levar a ausência de cobertura de comunicações no concelho à atenção do Governo.
Como o JORNAL DE LEIRIA noticiou, mais de 100 crianças e jovens, só na freguesia de São Bento, ficaram de fora ao acesso ao ensino à distância, durante a actual pandemia de Covid-19, devido à má cobertura de comunicações dos três operadores nacionais.
Em resposta ao JORNAL DE LEIRIA, a Altice, antiga Portugal Telecom, afirmou mesmo que a cobertura, da sua parte, é de quase 100%, embora a ANACOM tenha demonstrado, através de um estudo no local, que a realidade não se reflecte nessas garantias da operadora e que mais de metade do território concelhio tem más comunicações.
A Altice, sendo o operador com a infra-estrutura móvel e de fibra com maior implantação nas freguesias da serra, foi alvo de pedidos da população para que ajudasse as pessoas em teletrabalho e as crianças a terem um acesso funcional à internet e à rede de telemóvel.
Facto que, pelas palavras do director de comunicação da Altice, André Figueiredo, proferidas na semana passada no Castelo de Porto de Mós, não agradou a quem gere a empresa, que, segundo a mesma fonte, terá mesmo equacionado negar o acesso à rede de fibra aos habitantes das freguesias que reclamaram.
Só não o terá feito, após intervenção do presidente da Câmara, Jorge Vala, concordando numa antecipação para o final de 2021 dos investimentos previstos para 2025.