“A percussão é talvez o que faz mais a diferença neste álbum”, diz Bia Maria sobre o longa-duração que apresenta hoje no Teatro Municipal de Ourém. “Foi um mundo que estive a explorar sozinha”.
O disco, Qualquer Um Pode Cantar, traz, segundo a artista, uma “sonoridade renovada”, em que há mais guitarra e menos piano. Conta, também, com vozes dos colectivos Essence Voices, Sopa da Pedra, Coral Troviscal e Orfeão de Vagos. O resultado é “mais coeso, mais cheio”. E até “dá para dançar”.
No álbum de estreia, Bia Maria continua a evidenciar influências da música tradicional portuguesa e do ambiente que a rodeia todas as manhãs, a aldeia de Gondemaria, no concelho de Ourém. “Essas raízes estavam lá e não fazia muito sentido negá-las. Não vale a pena navegar contra a corrente”.
O trabalho “menos intimista” que leva a palco esta sexta-feira, num concerto com início às 21:30 horas, “fala pouco de amor” e convoca, em alternativa, letras sobre “o poder colectivo da transformação”, a importância “da descentralização” e as condições de desigualdade que ainda afectam as mulheres na sociedade portuguesa. “As coisas que me assombram, que me tiram do meu lugar confortável, são outras”, explica ao JORNAL DE LEIRIA, numa comparação com os três EP – Mal Me Queres, Bem Te Quero, Tradição e Do Roberto – editados desde 2019.
O título do disco, Qualquer Um Pode Cantar, é um resumo da ideia que marca a música de Bia Maria por estes dias: comunidade, identidade. “De repente, o álbum fez todo sentido”, assinala, quando recorda o momento em que a frase lhe surgiu ao caminho. É uma declaração de “humildade”, de “ir à terra”, que se conjuga com a vontade de permanecer no “ritmo calmo e tranquilo” de Gondemaria e do concelho de Ourém, onde cria e trabalha, e de não se mudar para Lisboa, como fazem tantos artistas de centros urbanos mais pequenos.
Qualquer Um Pode Cantar, que tem co-produção de Guilherme Simões, fica disponível nas plataformas digitais a 8 de Novembro.
Esta sexta-feira, no Teatro Municipal de Ourém, Bia Maria será acompanhada por Luar, Samuel Louro e pelos coros Essence Voices e Associação Asas.