Nasceu e cresceu longe do mar, em Abrantes e Coimbra, uma distância que, no entanto, não o impediu de fazer do oceano o seu escritório. Formado em Biologia Marinha pela Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar (ESTM) de Peniche, Nuno Vasco Rodrigues é investigador do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE) do Politécnico de Leiria e um dos poucos fotógrafos marinhos portugueses, ou fotógrafo de conservação como prefere ser designado, numa alusão à preocupação ambiental do seu trabalho.
Mais do que a “questão estética” da imagem e o fascínio por mostrar as maravilhas subaquáticas, Nuno Rodrigues procura, através da fotografia, alertar para os problemas ambientais que afectam os oceanos. A imagem serve-lhe de “ferramenta para chamar a atenção para as ameaças ao mundo marinho”, seja a poluição provocada pelos plásticos, o aquecimento global, a pesca intensiva ou a destruição de habitats das zonas costeiras.
Essa preocupação está, aliás, bem evidenciada na exposição Nossa Mãe, patente na Biblioteca da ESTM até ao dia 28 de Maio, que junta imagens do mundo marinho captadas pelo fotógrafo e textos de Ana Filomena Amaral, autora de três romances da trilogia com o mesmo nome da mostra.
A sobrepesca e a poluição provocada pelas redes e os impactos que têm na vida marinha são algumas das temáticas abordadas na exposição, onde há também fotografias de corais e de organismos associados a eles, “como lesmas-de-mar, de baleias ou tubarões, feitas na costa portuguesa”, revela o fotógrafo, que conta já com quatro imagens suas publicadas na versão portuguesa da conceituada revista Nacional Geographic.
A paixão de Nuno Rodrigues pelo mundo aquático começou “em miúdo”, alimentada pelos fins-de-semana [LER_MAIS]de pesca com o avô no rio ou na barragem, na zona de Abrantes, e pelas férias de Verão passadas no Algarve, onde, grande parte do tempo, era ocupado a procurar “bichinhos nas rochas”.
“Desde muito cedo soube que a minha opção de vida seria ligada ao mar e ao estudo de organismos marinhos”, conta. Foi, por isso, com naturalidade que escolheu Biologia Marinha.
Quando estava a elaborar o seu primeiro livro – um guia de espécies marinhas das Berlengas, publicado em 2008 -, acabou por tropeçar na fotografia subaquática e por descobrir uma nova paixão.
“Encontrei uma câmara compacta na escola, que ninguém estava a usar. Acabei por lhe dar utilidade, fotografando espécies que sabia que existiam na zona, mas que não estavam representadas nas imagens que tínhamos”, revela o fotógrafo, autor de mais dois livros, um sobre peixes marinhos de Portugal (2015) e outro sobre peixes marinhos costeiros de São Tomé e Príncipe (2018).
Pelo meio, trabalhou três anos no Oceanário de Lisboa, como assistente curador, e fez parte da Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental, na qualidade de especialista em biodiversidade marinha, função que o levou a integrar várias expedições às ilhas Selvagens e Porto Santo. Presentemente, além de investigador do MARE, é coordenador de co-gestão da reserva natural das Berlengas.