O bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto, respondeu publicamente às críticas do padre Manuel Pina Pedro, pároco de Urqueira e Casal dos Bernardos (Ourém), sobre a suspensão das missas em Portugal.
Num texto publicado na sua página do facebook, o sacerdote considerou a decisão de suspender as celebrações eucarísticas, devido ao Covid-19, “algo verdadeiramente impensável, altamente lamentável, no mínimo muito triste e sem precedentes em toda a história da Igreja”.
Em resposta, feita também através das redes sociais, D. António Marto diz que compreender preocupação do sacerdote pelo acesso dos fiéis à Eucaristia, mas frisa: “O vírus não permanece fora das portas das igrejas”.
“A Igreja não pode, por uma fé e zelo mal entendidos, contribuir para que pessoas sejam contagiadas e morram por falta de cuidado e prudência de algum pastor”, afirma D. António Marto.
“Se Jesus Cristo está real e sacramentalmente presente na Eucaristia (…), se tem poder para perdoar pecados (por mais graves que sejam), para libertar possessos, curar doentes, ressuscitar mortos etc, será que não tem poder para nos libertar de uma pequena criatura, o coronavírus?”, escreve o padre Manuel Pina na sua publicação.
Na sua resposta, o bispo alega que “a confiança em Deus, a oração e a comunhão eucarística são uma realidade muito diferente do tentar a Deus e desafiá-Lo com a pretensão de milagres”.
No texto publicado na página oficial da Diocese de Leiria-Fátima no facebook, o bispo frisa ainda que a decisão de suspensão das missas “foi tomada por muitas conferências episcopais e pelo próprio Papa, não por se considerar ‘irrelevante’ a Eucaristia, mas por exigência de saúde pública para salvar pessoas da doença e da morte por causa do contágio nos grupos de pessoas.
O bispo chamou ainda a atenção do clérigo para o seu dever de obediência, que também se estende a todos os fiéis, consagrado no Código de Direito Canónico.
D. António Marto reitera também algumas das orientações que têm sido emanadas das autoridades eclesiásticas. “Os sacerdotes devem continuar a celebrá-la [a Eucaristia] todos os dias em privado, oferecendo o santo sacrifício de Cristo pela salvação e pelo crescimento espiritual de todos os fiéis e implorando ao Senhor que nos livre deste terrível mal”.
A este conselho, acrescenta ainda a possibilidade e o dever de “usar com criatividade e zelo os meios de comunicação social para se fazerem próximos dos fiéis e os ajudarem”.