A Polícia de Segurança Pública (PSP) registou mais de 36 mil denúncias de burlas praticadas através de meios digitais desde 2019.
No Dia Europeu da Internet Mais Segura, que se assinala hoje, a PSP destaca que este ano a burla que ficou conhecida por “Olá pai, olá mãe”, tem vindo a registar um aumento de ocorrências.
Para a prática deste crime os suspeitos, através de mensagem escrita em aplicação de comunicação (maioritariamente WhatsApp), remetida de um número de contacto identificável, apresentam-se como um familiar muito próximo (filh@) da potencial vítima, seguindo usualmente duas variantes de abordagem:
– Refere que o telemóvel do filh@ avariou, ou que se perdeu, e que o contacto telefónico agora utilizado será o seu único contacto até reparação ou aquisição de novo equipamento;
– Refere que alterou o contacto telefónico e que o número utilizado para remeter a mensagem passará a ser o seu habitual e único número.
Suspeitar de mensagens
A partir desta abordagem inicial o diálogo através de mensagens continua, para dar credibilidade à história, considerando e confirmando que se tratará de uma relação familiar próxima e estruturada, até chegar ao propósito pretendido, solicitar a transferência ou envio por intermédio de plataforma de uma quantia monetária, com a justificação de que se destina ao pagamento da reparação ou aquisição de um novo telemóvel, ou pedido de “empréstimo” para liquidar uma despesa urgente, alerta um comunicado da PSP.
As ocorrências sinalizadas registam-se por todo o território nacional, com especial incidência nas zonas urbanas de maior densidade populacional.
Ao contacto inicial, sempre através de mensagem escrita, segue-se uma conversação que poderá manter-se durante horas, com conteúdo informal e registos do dia-a-dia, com o intuito de avaliar a relação de proximidade entre a potencial vítima e o seu descendente.
É importante salientar que, quando a vítima tenta o contacto através de chamada de voz, a mesma não é atendida e é remetida mensagem escrita com uma justificação e incentivando o contacto só por mensagem escrita, adverte ainda a polícia.
Por esta razão, o contacto através de chamada de voz é a primeira e mais rápida forma de prevenção e de despiste de que poderá estar a ser alvo de uma tentativa de burla.
Confirmar se sms é de familiar
A PSP aconselha a, numa situação destas, ligar sempre para o número original dos seus filhos e, caso consiga falar com eles e confirmar que se trata de uma tentativa de burla, reporte a situação de imediato às autoridades.
Com o objectivo de reduzir o risco de vitimização, a PSP aconselha ainda a não realizar qualquer transferência de dinheiro sem, pelo menos, previamente conseguir falar de viva voz e reconhecer a pessoa com quem pensa estar em conversação.
É ainda recomendado despistar possíveis tentativas de burla com perguntas simples que, em princípio, o seu familiar conheça (quais as datas de aniversário de ambos, qual o curso e a universidade que frequentam ou frequentaram, qual a matrícula do carro da família, etc).
Segundo a PSP, as burlas constituem um fenómeno criminal em crescendo, em contraciclo com a tendência da criminalidade geral no País. Apesar da existência de um maior acesso à informação e uma população mais informada, o célebre “conto do vigário” continua a ser uma forma eficaz de obtenção ilegítima de valor patrimonial alheio.
Os idosos continuam a ser as principais vítimas de vários tipos de burlas praticadas pelos suspeitos. Contudo, nos últimos anos, e acompanhando a evolução tecnológica e as potencialidades do mundo digital, estes têm atingido outro tipo de vítimas.