Cada vez que a selecção de Portugal entrou em campo nos jogos do Euro 2024, foi golo certeiro para várias cervejarias, cafés e restaurantes da região. O segredo para garantir casa cheia foi ter TV, cerveja e petiscos que entretivessem os nervos dos adeptos. Até ao adeus dos portugueses, contra a França, na passada sexta-feira, as esplanadas cheias foram cenário repetido em vários pontos do distrito.
Os desafios do Campeonato Europeu de Futebol, em particular aqueles que envolveram as cinco quinas, trouxeram dias de muito trabalho para os funcionários do pub e bar Dona Onça e do Casulo Lounge Caffé, ambos estabelecimentos de Leiria, geridos por Carla Monteiro e o marido, Renato Oliveira.
Cerveja, tostas, kebabs e hambúrgueres estiveram entre os “comes e bebes” com maior saída por estes dias. Numa só tarde de jogo, entre os dois estabelecimentos eram consumidos cerca de 12 barris de cerveja, estima Carla Monteiro. E a agitação era tanta que se concentravam 500 a 600 pessoas nos dois espaços, sobretudo junto ao televisor na Dona Onça.
O Casulo é mais antigo e mantém sempre movimento ao longo do ano, mas foi sobretudo no Dona Onça, que abriu há dois anos, [LER_MAIS]e que ainda não é um sítio de paragem habitual, que se notou maior enchente. “O número de clientes chegou a triplicar”, aponta a responsável.
Por estes dias, também foi necessário recrutar mais pessoas para servir os clientes de ambas as casas. Mais cinco, para formar uma equipa total de 20, conta a gerente.
No bar Os Filipes, também em Leiria, os dias em que Portugal foi a jogo foram também de “muita gente”, refere, satisfeito, Filipe Oliveira, um dos responsáveis pelo estabelecimento. Concentravam-se antes, durante e depois do jogo, cerca de três horas, durante as quais consumiam oito barris de cerveja e 30 a 40 tostas, contabiliza Filipe Oliveira.
“Uma exorbitância” reflectida também no volume de trabalho dos funcionários. Nesses momentos, foi necessário reforçar a equipa e recorrer à ajuda de familiares. No total, seis pessoas trabalharam para que nada faltasse aos entusiastas do futebol. O responsável congratula a Câmara Municipal de Leiria por não ter organizado nenhum recinto específico para o público se reunir e assistir aos jogos. Com esta posição, a autarquia possibilitou que os clientes se dispersassem e contribuíssem para movimentar diferentes espaços comerciais da cidade, salienta Filipe Oliveira.
Na Marinha Grande, o cenário não foi diferente. “Juntámos cerca de 200 pessoas”, conta Paulo Pereira, gerente da Cervejaria Luís de Camões. Num jogo com Portugal em campo, consumiram-se três ou quatro barris de cerveja e tiveram saída diferentes petiscos, entre moelas, pica-pau ou bifanas. E foram precisas oito pessoas para atender aos pedidos.
Na Nazaré, tem sido grande a “dinâmica” impressa em diversos espaços de restauração devido ao Euro 2024, descreve também Bruno Pereira, presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços da Nazaré. E apesar da saída de Portugal da competição, o grande número de estrangeiros que frequenta aquele concelho deverá continuar a festa, entende o responsável pela ACISN.
Para alguns, um “balão de oxigénio”
“Existe a ideia que o campeonato traz grande aumento de público para a restauração. É verdade que sim, mas não é toda. Espaços mais tranquilos, onde geralmente há música ambiente e não existe televisão, esses não invertem o conceito do negócio por causa do campeonato”, ressalva Miguel Xavier, presidente da delegação de Leiria da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (ARHESP) .“Mas, num momento em que os empresários de todo o País dizem que têm sido tempos difíceis, com uma subida substancial do preço dos produtos e retracção das pessoas, para alguns espaços de restauração acredito que os jogos do campeonato sejam um balão de oxigénio”, reconhece o dirigente da AHRESP.