A cerca de um mês das eleições autárquicas são já conhecidos todos os candidatos. Muitos partidos, com maior reputação, candidatam-se desde que vivemos em democracia. Mas cada vez mais surgem candidaturas de partidos com novas ideologias, que pretendem fazer a diferença e ter uma voz activa na política. Mas os escassos recursos e o desconhecimento por parte dos cidadãos nem sempre facilitam este trabalho.
O PAN – Pessoas-Animais-Natureza concorre pela primeira vez à Câmara de Leiria, representado por Daniela Sousa. “A maior dificuldade é o facto de sermos todos voluntários”, frisa. O apoio financeiro vem do partido, num orçamento de 800 euros para compra de material e acções da campanha. Os recursos são escassos mas tornam o desafio mais interessante e possibilitam uma “campanha pautada pela honestidade, pela criatividade” e marcada pela “diferença”.
Também João Pais do Amaral se candidata à Câmara de Leiria, pelo PNR – Partido Nacional Renovador. O cabeça-de-lista faz uma analogia: “posso querer inserir no mercado um produto melhor do que a Coca-Cola. Mas, se não tiver meios, consigo bater essa marca?”.
A falta de recursos financeiros é o que mais entraves causa. “Quem não tem dinheiro não tem outdoors. E quem não tem outdoors não é conhecido.” Os recursos, adianta João Pais do Amaral, vêm, em parte, da boa vontade dos militantes. “Ninguém quer apoiar pequenos partidos, em termos de empresas ou particulares, porque não vão receber nada em troca. Principalmente partidos que estão agora a entrar na esfera política. Tudo é feito com a nossa boa vontade e carolice.”
O candidato realça ainda a importância que as redes sociais têm tido neste âmbito. Não só pela divulgação mas também pela liberdade de expressão, pois permitem “que as pessoas debitem tudo o que lhes apetece, seja certo ou errado”.
À Câmara de Pombal candidata-se Pascoal Duarte Oliveira, representante do MPT – Partido da Terra. Quando decidiu aceitar o desafio estava consciente das dificuldades. “Os recursos são os possíveis e tenho o apoio de um grupo dedicado de pessoas”, sublinha, acrescentando que todos estão motivados para conseguir atingir um bom resultado.
[LER_MAIS] Notando que a população de Pombal é bastante envelhecida, reconhece que “existe uma grande resistência à mudança e também uma grande desconfiança em relação ao aparecimento de novos projectos”. No entanto, tem vindo também a constatar que “as pessoas têm tido uma reacção positiva ao conhecimento dos valores do partido”.
Ter voz activa junto das populações
As causas pelas quais lutam têm um peso maior do que as dificuldades e, por isso, decidiram avançar com a candidatura. Daniela Sousa considera que esta poderia ser “uma boa oportunidade” para contribuir para as causas em que acredita e que valoriza “como cidadã, mas que passam despercebidas pelos restantes partidos”.
Foi a paixão pelas “causas que o partido defende” que a levou a aceitar o convite de André Silva, deputado e portavoz do PAN na Assembleia da República. Além disso, considera ser uma “mais-valia” para o concelho de Leiria ter as ideologias do partido representadas localmente.
“Quem ganha as eleições ano após ano são os partidos que desde o 25 de Abril tomaram o poder”, frisa João Pais do Amaral, opinião corroborada também por Daniela Sousa. “As pessoas estão cansadas da mesma política e da mesma forma de fazer política”, frisa a cabeça-de-lista do PAN em Leiria.
E é o empenho e a paixão pelas causas que defendem que os leva a acreditar que podem fazer a diferença e ter uma voz no concelho. “Sentimos diariamente uma desilusão e acreditamos que é chegada a hora de apresentarmos uma alternativa”, adianta Pascoal Duarte Oliveira.