É um dos fundadores do espaço Base, um cowork no bairro dos Capuchos, em Leiria. Para onde é que viajam os vossos utentes?
Para todo o lado. A cooperação e a interação de pessoas de várias profissões da comunidade presente faz com que surjam mais negócios, novos projetcos e mais oportunidades para viajar.
O cowork é só moda ou também é um estilo de vida?
Está longe de ser uma moda, é uma forma de estar social e profissionalmente.
Diz-me com quem partilhas o teu espaço de trabalho, dir-te-ei quem és.
É claro que o meio influencia e isso não acontece apenas nos negócios, mas também no foro pessoal. Trabalhar num espaço de cowork permite fazer novos amigos e adquirir novas vivências.
Skate or die. Ainda vive por esta lei?
Houve tempos em que era uma máxima e não ia para lado nenhum sem o skate. Foi uma fase muito importante da minha vida que delineou o meu percurso e maneira de ser. A disciplina, persistência e camaradagem entre atletas que vivenciei são valores que me acompanham.
São dias que ficaram escritos a raio-x?
Algumas lesões sim, afinal de contas é um desporto de acção em que se sofre bastantes quedas. O maior estrago foi uma rotura de ligamentos no joelho esquerdo que levou dois anos até recuperar a 100%.
Muitas manobras arriscadas ou é mais pessoa de voar baixinho?
Manobras arriscadas fazem parte do percurso do empreendedor, é isso que faz correr o sangue nas veias, contudo os riscos têm de ser calculados e ter sempre presente as consequências de uma manobra falhada.
Se subisse hoje para cima de uma tábua, seria skate ou rodeo?
Definitivamente skate!
Uma regra inviolável para quem vive o skate a sério?
Existem regras invioláveis no skate?
E um ensinamento para a vida.
Take your pleasure seriously. Tenho esta frase do Charles Eames num quadro na minha sala. É uma postura com que me identifico e que tenho presente no dia-a-dia.
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A banda sonora ainda é a mesma?
Não. Em adolescente ouvia bandas como Green Day, Millecolin e Bad Religion. Com o tempo fui ouvindo outros autores e atcualmente gosto de artistas muito distintos tais como The Chemical Brothers, Nina Simone, Seu Jorge ou Tosca.
Com que idade disse aos pais que andava a pintar paredes na cidade?
Antes do 25 de Abril de 99, foram poucas as intervenções que fiz. Na escola estava no curso de artes e manifestava o meu interesse pelo grafiti através dos trabalhos. As minhas professoras viam os meus desenhos e um dia quando o Te-Ato precisou de um cenário com esse estilo, recomendaram-me… foi aí que disse à minha mãe.
É verdade que é um pioneiro do grafiti em Leiria?
Só há pouco tempo, quando conheci o Ricardo Romero e ele me falou da importância que o grafiti dos 25 anos do 25 de Abril teve em Leiria como o primeiro grafiti autorizado em via pública é que percebi que tinha sido pioneiro em algo. Em 99 eu era um miúdo com pouca experiência a pintar e a oportunidade de pintar aquela parede foi na altura uma “dádiva” que agarrei e que deu o pontapé de saída para um percurso na área criativa.
Continua a desenhar?
Só no computador, principalmente a fazer muita imagem corporativa para empresas e negócios.
Como é que se passa do skate e do grafiti para uma linha de calçado clássico?
Um pouco por acaso. Sempre gostei de visitar fábricas e ver processos de produção e quando posso prefiro ir à origem adquirir um produto. Numa dessas visitas tive a oportunidade de encomendar um par de sapatos ao meu gosto. Comprovada a qualidade e a capacidade de se poder fazer um sapato personalizado e quase exclusivo, para cada cliente, vi a oportunidade e um nicho de mercado interessante. Surgiu assim a Bosqe e comecei a fazer alguns exemplares para amigos e família.
A quem é que gostava de calçar os sapatos?
Gostava calçar um James Bond. Feitos apenas por encomenda, com materiais de topo e uma configuração irreverente são características que combinam com um 007.
Em que prateleiras imagina a Bosqe daqui por cinco anos?
Não prevejo massificar a produção. Quero manter o carácter exclusivo da marca, que a distingue das demais.
Continua a imortalizar a cultura portuguesa um autocolante de cada vez?
Sou um orgulhoso português e como tal ter um projecto onde possa transmitir a nossa cultura, é para mim um trabalho gratificante. A Ptsticker é um projecto de paixão a que infelizmente não dedico o tempo que deveria, mas que aos poucos vou enriquecendo o seu portfólio de símbolos portugueses.
Um cromo que gostava mesmo de incluir na colecção.
Umas das em cidades que desenvolvi um pack na Ptsticker foi obviamente Leiria. Ao reunir símbolos da nossa cidade, percebi que são poucas as referências icónicas. Para uma cidade que ambiciona ser capital europeia da cultura, há trabalho a desenvolver e “cromos” a criar para esta colecção.
Enquanto designer gráfico, dá mais importância ao embrulho do que ao conteúdo?
A importância é exactamente a mesma. O embrulho é o enunciado do que está dentro, deve reflectir o seu conteúdo e vice-versa.
Um exemplo de bom design.
É uma pergunta um pouco ingrata… não gosto de apontar algo como bom ou mau. Para mim o bom design é aquele que cumpre eficazmente com a solução para um problema.