Hoje, última carta, por Pedro Nazário.
Este é um projecto de troca epistolar, organizado em corrente: 12 pessoas da cidade procedem ao envio de uma carta dirigida a uma outra pessoa que vive num bairro diferente, explorando a cidade como referência, tendo em conta expectativas de um amanhã. O que querem melhorar, o que acham importante conversar, o que é urgente repensar. Abrem uma conversa pública entre pessoas que se conhecem e não se conhecem, mas que partilham o espaço de uma cidade agora.
As Cartas Para Leiria e para o Futuro integram a programação de MAPAS, que decorre em Leiria de 1 a 12 de Julho de 2020, com o JORNAL DE LEIRIA como media partner.
Para acompanhar diariamente, online, no site do JORNAL DE LEIRIA e no site de MAPAS (https://www.m-a-p-a-s.com/).
“Leiria, 10 de julho de 2020
Querida Patricia Martins,
Querida Leiria,
Eu sei que não te conheço, nem me conheço bem a mim…., mas esta carta não é sobre mim.
É sobre Leiria, que é uma cidade muito boa, porque é larga e espaçosa, sinto-me confortável e nostálgico (de uma maneira boa ), lembro-me de quando era pequeno, daquelas manhãs ao acordar e eu estava lá para Leiria e Leiria estava lá para mim: tem sítios para descansar, as melhores pizzarias, livrarias e cafés e tem muitos eventos giros, tipo, o Há Música na Cidade e a Porta. Eu vivo em duas casas que têm vistas maravilhosas para o nascer do sol.
Em Leiria eu gosto muito de cavar buracos no parque infantil dos Capuchos para ver se encontro moedas (e resulta); apanhar bolotas no monte dos Capuchos e de andar de bicicleta…. Na verdade, não é de andar de bicicleta, é de cair de bicicleta…
Gosto de ir à feira de Maio com a minha avó e também gosto muito de ir a casa da minha outra avó fazer bolos e atirar-me para o chão. Também gosto de ir ao cinema com os meus amigos.
E eu prefiro Leiria a Lisboa porque, em Lisboa, as ruas são estreitas, há muito barulho de aviões e, como Lisboa é a capital de Portugal está lá sempre muita gente. Quem vive em Lisboa deve estar sempre a pensar: “Bolas, esta gente não me dá um minuto de sossego”. Viver em Leiria com o coronavírus é tão mau que eu nem quero falar disso (mas em Lisboa deve ser pior).
Para Leiria ser melhor ainda podia ter um centro de comunidade para as crianças se juntarem para ter ideias para melhorar a cidade. Assim, outras crianças podiam também dar ideias boas para a cidade, que não me ocorrem agora. Também poderia ter um centro de voluntariado para plantar pinheiros no Pinhal de Leiria e recolher lixo das ruas, como os cigarros que estão por todo o lado. Patrícia, acho que tens razão e que há poucos espaços bons para as crianças em Leiria. Já na Estação, há muitas coisas e até há bólingue. A tua ideia de usar o Mercado de Santana para as crianças poderem fazer música é muito boa. Também podia haver uma sala com piscinas de bolas, uma sala para fazermos guerra de água e uma sala com laser quest. E até podíamos ir a pé, porque é num sítio perto. De parques acho que estamos bem porque temos o parque da Almuinha Grande, que foi feito há pouco tempo, o Parque do Avião, o Parque dos Capuchos e mais, que não me ocorrem.
Obrigada Ana João, por me dares a sugestão de viajar e voltar (boa rima, não?). Eu gostava de ir à Turquia porque o nome é fixe.
Escrever esta carta foi uma experiência interessante. Apesar de faltarem coisas, acho que consegui falar da melhor parte de Leiria. Foi bom.
Assinado: Pedro SUCENA Nazário (escrevi Sucena com maiúsculas porque Nazário já é destacado em Leiria).
Cartas anteriores:
1. Patrícia Martins
2. Jorge Vaz Dias
3. Hugo Ferreira
4. Maria Miguel Ferreira
5. Carlos Matos
6. Xana Vieira
7. Thainá Braz
8. Sara Marques da Cruz
9. Isabel Jácome
10. Ângelo Lima Bastos
11. Ana João Santos