Há duas semanas, perguntávamos no nosso fórum se devia pagar-se mais vezes com dinheiro e menos com cartão. A questão surgiu na sequência de uma campanha lançada pela Associação Denária Portugal, junto do pequeno comércio, a defender o direito dos consumidores e a sua liberdade de escolha na forma de pagamento de bens e serviços, numa época em que proliferam os meios de pagamento automático.
Embora nos pareça que são ainda poucos os estabelecimentos que não aceitam pagamento em dinheiro, ao contrário, o que se vai constatando, é o aumento do número de negócios, em particular na área da restauração, onde o chamado “dinheiro de plástico” (já) não entra. Para o bem e para o mal.
Vamos a um exemplo concreto. Num destes fins-de-semana, o que poderia ter sido um dia bem passado para um casal de turistas, na praia de Paredes da Vitória, no concelho de Alcobaça, acabou numa espécie de jogo de caça ao dinheiro e ao estabelecimento ‘amigo’ dos cartões.
A ideia era almoçar e desfrutar do resto da tarde junto ao mar. Primeiro contratempo. O restaurante onde se dirigiram, o mais próximo do local encontrado para estacionar a viatura, aceitava reservas mas não o cartão de pagamento automático. Por sugestão da diligente e simpática funcionária, deslocaram-se à caixa Multibanco no centro da localidade (a única disponível), para levantar dinheiro. Segundo contratempo. Era domingo e o equipamento estava inactivo desde sexta-feira à noite, de acordo com o testemunho de alguns comerciantes.
Com apenas uns trocos nos bolsos, e para não dar como perdida a viagem, o casal lembrou-se de petiscar qualquer coisa numa esplanada, em substituição do almoço. Terceiro contratempo. Ali também não aceitavam cartões, só dinheiro vivo.
Conclusão: embora a praia de Paredes de Vitória tenha conquistado recentemente a Qualidade de Ouro, como praia acessível para todos, no âmbito do Programa Bandeira Azul, a este casal (e provavelmente a muitos outros) não restou outra alternativa senão ir fazer turismo para outras paragens.