Localizada na Marinha Grande, a Dvision é uma empresa que, entre outros serviços, concebe e instala sistemas de domótica. Hélio Costa, sócio-gerente, explica como as casas inteligentes chegaram para ficar, com soluções que convencem os clientes pelo conforto, segurança e poupança que promovem. Usualmente aplica-se o termo domótica a automação de casas, embora, na prática, seja aplicável a todos edifícios, incluindo empresas, contextualiza Hélio Costa.
O objectivo é controlar e monitorizar todos os elementos de uma casa, em matéria de conforto, segurança e poupança energética, refere o empresário, que passa a expor vários exemplos.
“Se eu tiver em casa uma central fotovoltaica e vários equipamentos que consomem energia, posso programar tudo para que estes só funcionem quando o sistema garante que a sua utilização não tem custo. Se tenho um motor para fazer circular a água da piscina e se também tenho painéis fotovoltaicos, consigo orientar o sistema para que a circulação da água só aconteça quando a produção de energia solar é suficiente para accionar o motor”, refere o sócio-gerente.
“O mesmo sucede com a rega. Posso orientar o motor para que a rega só aconteça num horário em que os gastos de energia sejam nulos. Da mesma forma, posso implementar que o automóvel eléctrico só carrega quando os painéis fotovoltaicos produzirem determinada energia”, prossegue Hélio Costa. Além da poupança, a domótica intervém no conforto. “Conseguimos monitorizar a temperatura ambiente de todos os espaços da casa, adaptar as temperaturas à presença ou ausência da pessoa em determinada divisão. E até podemos determinar a quantos quilómetros de distância se encontra a pessoa da sua casa, de forma a que o aquecimento só seja accionado quando o morador estiver prestes a chegar”, exemplifica o sócio-gerente.
“O sistema permite ainda determinar que o portão de entrada se abra à chegada do morador, que a iluminação do jardim se acenda sempre que chegue de noite e que depois se acenda a luz do hall de entrada. O mesmo pode acontecer à saída, com o sistema a desligar as luzes, a abrir o portão de casa para o fechar tempo depois”, expõe o responsável pela Dvision. “A pessoa até pode querer ter o banho preparado quando chega a casa”, salienta Hélio Costa.
No que respeita à segurança, “pode funcionar um sistema normal de alarme contra a intrusão, mas também pode fazer-se a interacção com o sistema de videovigilância e tudo o resto. O sistema pode detectar que alguém saltou o muro e accionar a rega, ligar a iluminação, abrir a casota do cão ou abrir os estores para dissuadir o intruso, ainda antes de accionar o alarme”.
“Assim como se pode fazer a simulação da presença em casa, com o acender de uma luz ou o abrir de uma ou outra persiana”, explica o empresário. “Não é muito fácil encontrar recursos humanos qualificados para trabalhar nesta área, mas quando se entra num alto nível de automação, é preciso ter quem conceba todas estas soluções”, sublinha o sócio-gerente. “São necessárias pessoas tecnicamente boas e que gostem desta área, que todos os dias apresenta novos problemas.”
Um dos mais recentes desafios lançados por um cliente, era que a sua habitação tivesse um closet, que, à entrada de alguém, acendesse automaticamente a luz, mas com determinado nível de iluminação, consoante a hora do dia, até para não perturbar quem ainda continue deitado, a dormir no quarto, recorda Hélio Costa. “Se há alguns anos os sistemas de domótica eram mais onerosos, até porque existiam menos soluções no mercado e as empresas cobravam valores maiores – porque o desconhecimento era maior e existia mais risco de erro – agora, os equipamentos electrónicos têm mantido os seus preços. Existe maior leque de soluções, a começar pelas mais económicas”, justifica o responsável pela Dvision.
Um dos constrangimentos para quem opera neste segmento é que ainda há quem nem sequer equacione procurar estas soluções por presumir, erradamente, que não são acessíveis, defende Hélio Costa. “O futuro passa por estas soluções. Como hoje quem constrói uma casa pensa imediatamente no saneamento, na electricidade, etc., o cliente vai passar a contar com a inteligência da casa”, prevê o empresário.
Sérgio Dinis é responsável pelo departamento de iluminação da empresa Caiado, sediada em Leiria, que também comercializa produtos na área da domótica. Disponibilizam cenários de iluminação, de segurança, sensação de presença em casa, etc. evitando os custos associados à electrificação comum das habitações. “São soluções de aplicação fácil, que não são exigentes em termos de infra-estrururas e os utilizadores ficam a ser os próprios configuradores das soluções.
São dispositivos que integram a chamada internet das coisas. Significa que o utilizador, através do acesso à cloud, a todos os dispositivos integrados que tem em casa, desde trincos de portas, dispositivos de climatização a diversos electrodomésticos, pode definir tempos de funcionamento para maior eficiência e conforto”.
“Fornecemos os nossos produtos ao consumidor final, mas sugerimos que se aconselhem com parceiros experientes na montagem. É importante que o utilizador não caia no excesso de oferta e na contra-informação que existe no mercado. Até por questões de segurança. Afinal, a informação fica toda instalada num servidor e é preciso recorrer a plataformas fidedignas, que cumpram as normas europeias. Porque as ‘chaves’ da nossa casa ficam entregues a terceiros”, alerta Sérgio Dinis.
“Todos nós pretendemos ter as tarefas facilitadas em casa” e, nessa medida, acredita o responsável, “o futuro será de cada vez maior adesão às casas inteligentes”.