Os alegados crimes de corrupção activa que envolvem dois árbitros de andebol de Leiria vão ser julgados no Tribunal Judicial de Leiria.
O Cashball iniciou-se com uma denúncia no Departamento de Investigação e Acção Penal do Porto, quando o empresário desportivo Paulo Silva, em Março de 2018, relatou que foi abordado pelo empresário de futebol amigo – João Geraldes – para que junto de árbitros designados para jogos de andebol do campeonato nacional favorecesse o Sporting.
Os juízes em causa são Ivan Caçador e Roberto Martins, que pertencem à Associaçao de Andebol de Leiria e que, segundo o Ministério Público (MP), não ficou provado que tivessem aceitado o alegado suborno.
O Tribunal Judicial da Comarca do Porto considerou-se “incompetente em razão do território” para o julgamento do processo Cashball, como ficou conhecido, e remeteu os autos para o Juízo Central Criminal de Leiria.
Para o Tribunal do Porto, quando os crimes são cometidos em diferentes áreas geográficas com conexão, o tribunal competente deve ser aquele onde terá sido praticado o crime com a pena mais grave.
Neste processo, o arguido Paulo Silva é acusado de três crimes de corrupção activa, dois deles na forma agravada relativamente aos árbitros desportivos Roberto Martins e Ivan Caçador, que terão ocorrido em Pombal. Foi ainda imputada a prática de um crime de corrupção activa agravado aos arguidos João Gonçalves, empresário de futebol, e Gonçalo Rodrigues, ex-funcionário do Sporting, relativamente a Ivan Caçador.
Segundo o MP, no final da época 2016/2017, Paulo Silva declarou que propôs entregar a quantia de 2500 euros a Roberto Martins e dois mil euros a Ivan Caçador para favorecerem os interesses do Sporting.
“Mais declarou que não ficou certo de que o Roberto Martins tenha aceitado a proposta que lhe dirigiu e que Ivan Caçador aceitou a sua proposta. Estes árbitros, quando interrogados como arguidos, confirmaram a abordagem, negando, contudo, terem aceitado actuar como lhes foi solicitado. Não estando disponíveis outros meios de prova, é insuficiente a indiciação de que aceitaram a proposta que lhes foi dirigida pelo arguido Paulo Silva”, refere o Ministério Público.