Mais de um século depois de idealizado por Ernesto Korrodi, o arquitecto suíço que projectou a reconstrução do Castelo de Leiria, a Igreja da Pena vai voltar a ter cobertura.
A intervenção, que já recebeu o aval da Direcção-Geral do Património e Cultura, implicará um investimento de quase 900 mil euros.
De acordo com o projecto, aprovado na terça-feira em reunião de Câmara, a cobertura será revestida em cobre, assente numa estrutura metálica, sendo que, entre as duas abas, o telhado levará vidro, de forma a permitir a “entrada de luz”.
Vasco Pinheiro, da empresa Santos Pinheiro que elaborou o projecto, revela que ainda chegou a ser equacionada uma cobertura totalmente em vidro, mas as solução acabou por ser abandonada por questões relacionadas com “conforto térmico” e de acústica.
Durante a apresentação do projecto, aquele arquitecto explicou que a intervenção pretende “travar o processo de degradação” do edifício, mandado construir no século XIV por D. Dinis e reconstruído no reinado de D. Manuel I, no século XVI.
Por outro lado, a “devolução da cobertura” permitirá uma “utilização mais ampla do espaço”, criando condições para que possa ser utilizado para a realização de eventos durante todo o ano.
O projecto prevê o fecho das janelas existentes com vidro, o mesmo acontecendo com a porta que dá acesso à zona da Colegiada do Castelo.
O chão existente, colocado nos anos “50 ou 60” do século passado pelos Monumentos Nacionais, vai manter-se, mas levará um piso em madeira por cima. Esta solução pretende tornar o pavimento “mais confortável” e, ao mesmo tempo, criar espaço entre os dois pisos para “passar as infra-estruturas eléctricas e de telecomunicações”, explica o arquitecto Vasco Pinheiro.
O mesmo tipo de madeira será usado para forrar o tecto, criando “uma cumplicidade de material” entre o chão e a cobertura.
[LER_MAIS] A zona do coro, que está ainda em terra batida, será pavimentada com pedra. Esta é uma das duas intervenções construtivas previstas no projecto. A outra consistirá em elevar a parede que suporta o arco manuelino, colocado no local muito depois da construção da igreja e que veio transferido de um outro templo.
O espaço da sacristia ficará reservado para área da apoio, sendo resguarda do restante edifício com a recolocação de uma porta. O projecto contempla ainda uma acção de restauro e de conservação da pedra do interior da igreja, que se encontra “extremamente degradada e envelhecida”. Está também prevista a colocação de um corrimão nas escadas existentes junto ao acesso para a Colegiada.
O vereador da Cultura, Gonçalo Lopes, destaca o carácter de preservação do património do projecto, mas também o facto da intervenção preparar o edifício, que serviu de Sé quando o bispado de Leiria foi fundado, em 1545, para a programação cultural do município. Ficará com condições para acolher "projectos na área da música, do 'corporate' para empresas ou de exposições”, nota o autarca.