Ainda a pandemia fazia as primeiras vítimas em Portugal e já estavam a chegar ao Centro Hospitalar de Leiria (CHL) manifestações de disponibilidade da sociedade civil – empresas, entidades oficiais e cidadãos anónimos – para ajudar a instituição neste combate que se antevia difícil.
Seria o início de uma onda de solidariedade que, até ao momento, já se traduziu em donativos em dinheiro num montante próximo de 1,3 milhões de euros. A esse valor, somam-se muitas ofertas de material, nomeadamente de protecção individual, mas também de equipamento médico, como ventiladores e monitores de sinais vitais.
De acordo com dados facultados ao JORNAL DE LEIRIA, os donativos monetários recebidos pelo CHL, desde o início da pandemia até ao momento, totalizam 1.279.698 euros. Este montante resulta do contributo de “60 entidades e 371 cidadãos”, informa o hospital, revelando que o valor mais elevado recebido, até agora, foi de 206 mil euros.
Segundo a instituição, estes donativos “foram aplicados no reforço da capacidade operacional do CHL para dar resposta à pandemia, nomeadamente na aquisição de equipamentos médicos e cirúrgicos”. Houve ainda verbas canalizadas para “a adaptação e reorganização de alguns serviços”.
A par dos donativos em dinheiro, chegaram à instituição muitas doações em espécies.[LER_MAIS] As mais comuns são a oferta de equipamentos de protecção individual, como luvas, máscaras, viseiras, batas, óculos de protecção e protectores plásticos de calçado, bem como fardas de uso geral. Há ainda registo da oferta de ventiladores, monitores de sinais vitais, ecógrafos, camas eléctricas, marquesa eléctrica, tablets e Ipads, entre outros equipamentos seleccionados em função das “principais necessidades” identificadas pelo CHL.
“Estas doações, que temos vindo a receber de várias empresas, entidades e da sociedade civil, fazem toda a diferença no nosso trabalho diário, pois contribuem para que continuemos a dar resposta na prestação de cuidados de saúde aos nossos utentes, num período de pandemia”, afirmou Licínio de Carvalho, presidente do Conselho de Administração do CHL, à margem da recente entrega de um donativo de dez mil euros, feito por uma empresa de construção da região, destinado à aquisição de dez monitores de sinais vitais.
Neste caso, os equipamentos reforçaram o tratamento Covid-19, nomeadamente, uma das alas do Serviço de Medicina Interna e os cuidados intermédios da UCAP – Unidade de Cuidados Agudos Polivalente.
Dias antes, a 23 de Janeiro, em pleno pico da pandemia, com o número de internamentos a atingir o máximo, o CHL recebeu 15 camas eléctricas oferecidas pela iniciativa Aconchegar, que permitiram equipar uma nova unidade de cuidados intermédios (nível II) no Hospital de Santo André, em Leiria, dedicada ao tratamento de doentes Covid-19.
Esta oferta serviu para reforçar capacidade deste tipo de valência, num momento de grande pressão de internamentos. “O apoio que a comunidade demonstrou ao hospital, desde o início da pandemia, foi emocionante”, disse Licínio de Carvalho, na entrevista concedida ao JORNAL DE LEIRIA no rescaldo da primeira vaga da pandemia. Na ocasião, o administrador reconhecia que esse apoio representou um “grande conforto” para a instituição. “Foi um momento ímpar. A mensagem que recebemos da comunidade, desde a primeira hora, foi a de que estava connosco para tudo o que precisássemos”, afirmou.