A inauguração do Centro Interpretativo de Arte Xávega e Cultura Avieira, terça-feira, foi um momento vivido com “grande emoção”, quer pelo presidente da Câmara da Marinha Grande, quer por todos aqueles que, apesar dos contratempos, levaram a bom porto este projecto na Praia da Vieira, realçou Aurélio Ferreira.
O presidente do município sublinhou que, mais do que um edifício, a infra-estrutura é “um tributo à identidade cultural da nossa região, especialmente da freguesia de Vieira de Leiria, ao preservar, valorizar e promover a riquíssima arte xávega e a cultura avieira. É a materialização de uma memória colectiva única”.
Resultado de um investimento superior a 600 mil euros, co-financiado pelo Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos e das Pescas, do Programa MAR 2020, o centro divide-se entre uma área de acolhimento dos visitantes e exposição dos meios audiovisuais sobre a arte xávega e os espaços de apoio à arte xávega, em pavilhões usados pelas companhas, com os seus apetrechos das artes da pesca tradicional da arte xávega, onde é possível aos visitantes presenciar tarefas e meios envolvidos.
Aurélio Ferreira recordou o caminho “desafiador” deste projecto, “repleto de obstáculos que [LER_MAIS]exigiram determinação e esforço”, só ultrapassados “com perseverança e cooperação”.
Lembrou que o prazo inicial para a execução do centro interpretativo situava-se entre 1 de Janeiro e 31 de Dezembro de 2020. Mas foi necessário desafectar a área, que estava sob gestão do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).
Em 2022, após negociações com ICNF, Agência Portuguesa do Ambiente, Ministério do Ambiente e Acção Climática e Secretaria de Estado das Florestas, quando o município já tinha acordado os terrenos a permutar e o Conselho de Ministros tinha aprovado a desafectação, eis que a câmara foi informada pela Direcção Geral do Tesouro e Finanças, que o terreno que o município pretendia permutar já era propriedade do Estado. “Estávamos em vias de morrer na praia, literalmente”, reconheceu o autarca.
Com o terreno integrado no domínio público hídrico do Estado, não sendo susceptível de alienação, a solução passou por fazer uma transferência de competências para os órgãos municipais, no domínio da gestão do património imobiliário público, durante 50 anos, explicou.
A cerimónia de inauguração contou com a presença de Dina Ferreira, gestora da Autoridade de Gestão do Mar 2030, que apresentou as oportunidades do programa, que prevê apoios comunitários superiores a 539 milhões de euros, mais 34,7 milhões de euros do que disponibilizou o Mar 2020.
Alcina Costa apresentou, por sua vez, a estratégia da Associação de Desenvolvimento da Alta Estremadura (ADAE) para o Mar 2030, que envolve 52 entidades públicas e privadas, e prevê apoios públicos de 1,95 milhões de euros, a aplicar entre 2023 e 2027, nos concelhos de Marinha Grande, Pombal e Leiria.
À luz de três eixos estratégicos, a dinamização económica, a gestão sustentável e a promoção socio-cultural, estão desde já previstos sete projectos âncora: um deles visa unir comunidades através da água, nomeadamente a Praia do Pedrógão, a Lagoa da Ervedeira e as Termas de Monte Real, com recurso a passadiços, ciclovias e construção de um edifício de arte xávega; outro projecto visa a criação de uma praia naturista, na Praia do Urso, em Pombal; está também prevista a criação do Observatório da Fauna e da Flora da Orla Costeira (entre Marinha Grande, Leiria e Pombal); a promoção da Praia da Vieira como capital do iodo; a promoção dos passadiços de tábua, também na Praia da Vieira; a criação da estação náutica na Marinha Grande; e ainda o projecto da ADAE na área da comunicação, com a criação de uma marca comum, que promova o território, evite sazonalidade no turismo e aumente os dias de estadia dos visitantes.