Ainda estão na memória de muitos confinantes com o Lis, as intempéries de 2013 e de 2014, quando o rio transbordou, alagando campos agrícolas e inundando casas e empresas. A última grande cheia, ocorrida a 12 de Fevereiro de 2014, atingiu também o complexo termal de Monte Real, provocando estragos estimados em mais de seis milhões de euros, que ainda estão a ser reparados.
A esses prejuízos, há a somar os impactos do fecho das termas na economia local, com o comércio e a hotelaria a viverem momentos aflitivos devido a esse encerramento, que ainda se mantém. As cheias de 2013 e de 2014 fazem parte de um histórico de inundações no rio Lis.
Foi assim no início do século XX, com o rio invadir por várias vezes a cidade. Depois, vieram os trabalhos de correcção torrencial, levados a cabo nos idos anos 40 e 50. João Eliseu, antigo técnico do Gabinete de Estudos e Obras de Correcção Torrencial da Direcção-Geral dos Serviços Florestais, conta que essa intervenção robusta, que implicou, por exemplo, trabalhos de desassoreamento, construção de açudes e de motas [elevações das margens], afundamento do rio dentro da cidade e a jusante, atenuou significativamente o problema.
No entanto, nos últimos anos, a situação tem vindo a agravar-se, com sucessivos episódios de cheias. Com o aproximar de mais um Inverno e com os acontecimentos de 2013 e de 2014 ainda bem presentes na memória de muitos, o JORNAL DE LEIRIA foi tentar perceber o que foi feito para prevenir a sua repetição. E, a conclusão não é, de todo, animadora.
De facto, terá sido gasto cerca de um milhão de euros… mas, para reparar estruturas danificadas pelas cheias, como diques e colectores, e recuperar troços de margens, com o fecho dos rombos abertos pela intempérie.
Em termos de prevenção propriamente dita, a AgênciaPortuguesa do Ambiente (APA), que superintende o leito e as margens do rio, refere, além daquela intervenção de reparação, trabalhos de limpeza e de remoção de vegetação no rio Lis, entre a ponte das Tercenas e a ponte de Monte Real, concluída em Fevereiro deste ano.
Pouco… muito pouco, alerta Uziel Carvalho, presidente da Associação de Regantes e Beneficiários do Vale do Lis (ARBVL), que não tem dúvidas em afirmar que, “tal como está o rio, se ocorrer uma pluviosidade não muito superior ao normal, haverá novas cheias”.
Leia mais na edição impressa ou descarregue o PDF gratuitamente