Foi com a voz embargada que, na cerimónia de instalação dos novos órgãos municipais, Cidália Ferreira recitou um poema de Afonso Lopes Vieira sobre o Pinhal do Rei para lembrar que este em muito contribuiu para a construção da identidade dos marinhenses.
Agora que dois terços do concelho arderam, apela à união de esforços para o reerguer das cinzas. “Tem de ser longa a nossa voz, o nosso grito, a nossa força, o nosso empenhamento. Temos de existir enquanto povo marinhense unido, temos de saber unir esforços e vontades. Temos de estar juntos”, disse esta terça-feira a nova presidente da Câmara, a primeira mulher eleita para o cargo, precisamente no ano em que se comemora o centenário do concelho.
A autarca, eleita pelo PS, reconheceu que o momento “é grave e difícil para todos”, mas lembrou que no concelho resta ainda uma “enorme riqueza a valorizar e preservar” e comprometeu-se a “trabalhar afincadamente para um concelho melhor, defendendo sempre o superior interesse” dos munícipes, das empresas e instituições.
Uma das primeiras iniciativas que Cidália Ferreira irá propor para a reconstrução da mata é a plantação de 38.681 árvores, “tantas quantos os habitantes do concelho, segundo os Censos 2011, como memorial ao nosso Pinhal do Rei”.
A presidente deixou ainda uma “palavra de sentido reconhecimento” aos bombeiros, “que foram inexcedíveis, arriscando a vida na defesa” do património, aos funcionários do ICNF, “que andam no terreno e às vezes tão maltratados são”, aos funcionários da autarquia, aos munícipes e às empresas que lutaram contra os fogos.
“A catástrofe do dia 15 a todos nos responsabiliza”, defendeu na cerimónia Telmo Ferraz. Para o presidente cessante da Assembleia Municipal é preciso agora criar condições para que o Pinhal do Rei volte a ser o “pulmão” do concelho.
“Devemos exigir ao poder central que nos conceda a sua gestão, transferindo meios humanos e financeiros para o podermos fazer”.
[LER_MAIS] Cidália Ferreira “começa o mandato tendo pela frente um enorme trabalho de reconstrução de dois terços do concelho”, a que acresce o programa com que se apresentou a votos. “Não é por ser mulher mas, na situação actual, vai precisar da ajuda de todos para cumprir a sua difícil missão”, lembrou Telmo Ferraz, que defendeu que poder e oposição devem ter em conta que “mais importante que os estados de alma de cada um, ou que tacticismos políticos de partidos ou grupo, é a Marinha Grande”.
Luís Guerra Marques (CDU) foi escolhido pelos deputados municipais para presidente da Assembleia Municipal, cargo que já exerceu antes. “Procurarei, como sempre fiz das outras vezes em que me sentei nesta cadeira, exercer este lugar com a isenção que um presidente de Assembleia Municipal deve ter”.
Lembrou no seu discurso que este é o órgão de controlo e fiscalização da actividade da câmara, “no qual os munícipes que indirectamente o elegeram delegam a missão de acompanhar a actividade municipal, por forma a assegurar que a coisa pública é tratada e gerida com o respeito que todos devemos a quem em nós delegou tão nobre missão”.
Assumindo o compromisso de procurar criar condições para que os deputados “exerçam na plenitude a sua função”, recordou que é na AM que “devem ser discutidos os grandes problemas do concelho”.