Apoiar atletas na natação adaptada não é uma novidade para o Clube Náutico de Leiria (CNL). São oito as pessoas que procuraram o clube para manterem uma actividade física regular, contudo, o apoio de outras instituições é essencial para assegurar as condições necessárias a que a natação adaptada obriga.
“Desde a primeira hora quisemos apostar na [natação] adaptada. Por falta de condições, falta de estrutura e da parte financeira, fazia sentido aguardar mais um bocado”, recordou Marco Simões, vice-presidente do CNL, ao abordar o arranque do projecto Natação +.
As condições surgiram e, na última terça-feira, 4 de Junho, foi assinado um protocolo entre várias instituições que permite a abertura de portas a mais jovens que querem manter a actividade fiísica regular, sobretudo, dentro de água.
“Hoje [terça-feira] estamos em condições de dizer que estamos dimensionados e preparados para assumir a responsabilidade deste novo desafio”, assumiu o responsável, na sessão de assinatura do protocolo.
O objectivo principal é “chegar a todos”, principalmente no meio escolar, para que os atletas entrem em “competição com um projecto paralímpico”, revela Marco Simões.
A Federação Portuguesa de Natação integra este protocolo, tal como o Município de Leiria, a União de Freguesias de Leiria, Pousos, Barreira e Cortes, a APPC Leiria – Associação portuguesa de Paralisia Cerebral de Leiria e a Oasis – Organização de Apoio e Solidariedade para a Integração Social de Leiria.
Com um financiamento de cerca de 10 mil euros, as portas estão abertas para receber nadadores.
André Rodrigues, de 20 anos, é um dos primeiros beneficiários deste protocolo, vindo da Oasis. Esteve presente na sessão e mostrou-se “muito feliz” pela formalização deste acordo. “Significa para mim, e para muita gente, mais uma oportunidade de aprendermos e de nos divertirmos dentro de água”, resumiu o atleta, com deficiência intelectual, que já se sagrou campeão distrital.
Outros vão seguir o mesmo trajecto e o CNL reconhece que, para o Natação + funcionar, “não chega estar só no papel”. “Obriga a ter uma grande logística. A preocupação de levar miúdos a provas, a motivação, os treinos diários. Tudo isso obriga a uma estrutura sempre permanente ao redor do atleta”, explica Marco Simões.
Pedro Morouço, director da área de formação da Federação Portuguesa de Natação, reconheceu a vontade do concelho em “ser cada vez mais inclusivo”. “É muito bom perceber que há, na nossa cidade, vontade de ir mais além e de fazer mais pelos jovens”, comentou o também director da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais (ESECS) do Politécnico de Leiria.
Por sua vez, a presidente da APPC, Lúcia Luz, frisou a importância do protocolo relativamente à “auto-estima” das crianças.
Do lado da Oasis, Bruno Mourinha afirmou que “o objectivo é trazer mais miúdos como o André e preencher as fileiras do clube náutico”.
Carlos Palheira, vereador da Câmara de Leiria com o pelouro do Desporto, realçou o esforço da autarquia em “criar condições e dar suporte a estes projectos”.
“Basta ver, por exemplo, a questão da aquisição de meios que permita às pessoas de mobilidade reduzida serem colocadas em plano de água em segurança.”
Uma das primeiras acções no âmbito do Natação +, a 22 de Junho, será um ‘Open Day’ dedicado a utentes da APPC, que vão realizar um primeiro treino de captação para perceber quais são os atletas que pretendem começar a nadar.