O presidente da Câmara de Leiria, Gonçalo Lopes, criticou, na última reunião de Assembleia Municipal, a má distribuição do número de obstetras/ginecologistas que estão afectos à Unidade Local de Saúde (ULS) de Coimbra, que dá resposta a um número de utentes idêntico à Unidade Local de Saúde da Região de Leiria.
“O sistema não é transparente nem solidário. O nosso território serve cerca de 400 mil utentes e a ULS de Coimbra cerca de 420 mil. Eles têm 90 obstetras/ginecologistas e Leiria 13”, denunciou.
Segundo o autarca, “para servir 400 mil pessoas são necessários 23 médicos”. “Se dos 90 tirarem 23 os nossos doentes não precisariam de ir para Coimbra”, reforçou.
Gonçalo Lopes respondia aos deputados do PCP Nuno Violante e do PS Marta Violante, que lamentaram que a saúde esteja pior desde que o Governo PSD/CDS está na liderança, afirmou Marta Violante.
A deputada socialista acrescentou que o “conselho de administração da ULS de Leiria pediu para que se deslocassem médicos de Coimbra para Leiria para completar as escalas”.
“Isto é trabalho em rede, mas o Ministério da Saúde nada deliberou. Não seria de deliberar a partilha de recursos humanos”, questionou.
Para o presidente da Câmara de Leiria, o problema na saúde é “estrutural e é preciso coragem para pôr as Ordens na ordem. Se temos falta de médicos, eles têm de vir de fora e para isso é preciso que sejam reconhecidos. No dia em que tivermos mais médicos aliviamos a carga”, sublinhou.
O autarca sugeriu ainda retirar algum trabalho mais administrativo aos médicos. “Por exemplo, se eu sou um doente crónico, que tenho colesterol e que de três em três meses necessito de uma receita, por que não pode ser a enfermeira ou até a administrativa a passá-la? Permitiria libertar o médico para outras coisas importantes”, apontou.
O mesmo se passa com os partos simples. Gonçalo Lopes frisou que os enfermeiros especialistas têm todas as condições para fazerem um parto totalmente seguro. “Em tempo de guerra os protocolos têm de ser diferentes. Se temos défice de recursos humanos, temos de ter medidas radicais”, alertou.