As questões da mobilidade e da descarbonização voltaram a ter destaque na última reunião de Câmara da Marinha Grande, com o presidente da autarquia a anunciar que estão a ser estudadas várias formas de agilizar a circulação entre Leiria e Marinha Grande, com recurso a transportes movidos a energias renováveis.
O vereador Orlando Jóia tornou a falar sobre a necessidade de requerer a isenção de portagens na A8, no troço entre Marinha Grande- Sul e Marinha Grande-Este, de forma a promover uma espécie de variante, que facilite a circulação rodoviária entre Leiria e Marinha Grande.
Aurélio Ferreira, presidente da autarquia, informou que o plano de mobilidade que está a ser estudado para o concelho analisa várias hipóteses. E referiu também que o plano de mobilidade de Leiria está a ser simultaneamente preparado por aquele município, estando ambos os presidentes “muito empenhados” em resolver a questão da ligação entre as cidades.
Aurélio Ferreira não descarta a necessidade de pedir a isenção junto da dona da A8, mas adianta mais alternativas em estudo: criação de um autocarro, movido a electricidade ou hidrogénio, que faça a ligação entre as duas cidades, ou o comboio Light.
António Fragoso, vereador da Mobilidade, lembrou que o projecto Light envolve autarquias, o Politécnico de Leiria, o Centimfe e várias empresas da região. “É um projecto antigo, mas que, com a oportunidade do Portugal 2030, poderá ver a luz ao fundo túnel.”
Rui Tocha, responsável pelo Centimfe, confirma que o projecto Light – Electric Rail Shuttle tem tido evolução. É um conceito de mobilidade leve, transporte sem [LER_MAIS]condutor, que poderá ser movido a electricidade ou outra energia pouco poluente, que visa resolver os constrangimentos resultantes do grande tráfego automóvel entre as duas cidades. “Viria a contribuir para a redução da pegada de carbono e permitiria posicionar as empresas da região como fornecedoras da indústria ferroviária.”
A ideia surgiu em 2020, foi lançada no âmbito da CIMRL e envolveu de início cerca de 50 empresas, sendo que o objectivo é alargá-la a mais entidades e municípios, nota Rui Tocha.
Este meio de transporte asseguraria a ligação entre as duas cidades em cerca de 10 minutos, teria rodas de borracha, deslocando-se sobre carris.
O intuito é que partisse da zona do Estádio Municipal da Marinha Grande, passasse pela Zona Industrial de Casal da Lebre, tivesse continuidade junto à A8, e que fizesse a ligação ao Estádio Municipal de Leiria. Em determinada zona, funcionaria suspenso sobre o Rio Lis, adianta.
Simultaneamente, teria que ter pontos de interface com os autocarros urbanos da Marinha Grande e de Leiria e com o futuro TGV.
Trata-se de um projecto pensado a 15 ou 20 anos, que terá de procurar formas de financiamento desde já, refere Rui Tocha. Ainda é preciso fazer um estudo de viabilidade e encontrar um modelo de desenvolvimento, mas já é certo que, depois de algumas reuniões entre parceiros, ficou explicito o interesse da comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro e do cluster da ferrovia.
Ainda na reunião de câmara de segunda- feira, o município votou favoravelmente para que o investimento Nazaré Green Hydrogen Valley se possa candidatar, junto da AICEP, como projecto de Potencial Interesse Nacional.
Em causa está a criação de uma unidade industrial de produção de hidrogénio e oxigénio verde, na Marinha Grande, com capacidade instalada de 40 MW, com recurso a energia de fonte renovável, que apoiará cimenteiras e vidreiras nos processos de descarbonização.