Após os eleitos da Assembleia de Freguesia de Vieira de Leiria terem subscrito, por unanimidade, um protesto a contestar o “abandono” a que consideram estar votada a freguesia pelo executivo permanente da Câmara da Marinha Grande, concretamente na época estival, o JORNAL DE LEIRIA esteve na Praia da Vieira, onde auscultou comerciantes e turistas.
A escassez de actividades que animem a estância balnear é o constrangimento mais apontado.
“No ano passado ainda instalaram um insuflável e um ginásio vinha dar aulas com bicicletas. Este ano, ao fim-de-semana, esteve cá um DJ, mas os mais velhos não se interessam”, conta Sílvia Areia, proprietária de uma sapataria. “É preciso dinamizar actividades para crianças e adultos, ao final do dia, quando saem da praia”, entende a comerciante.
E se as actividades são poucas ao fim-de-semana, “durante a semana não há nada”. “Tive clientes que [LER_MAIS]me disseram que no próximo ano ficam na Praia do Pedrógão”, acrescenta Sílvia. Na sapataria, um casal de turistas, vindos de Oliveira de Azeméis, partilha a opinião. “É o segundo ano que vimos para cá e não há nada. À noite as lojas estão fechadas, não há cantores e as pessoas vão embora.”
“Em 22 anos, este é o primeiro em que estou a fechar à meia-noite”, conta Sandra Alves, gerente de um café. “Em Julho ainda houve alguns eventos, mas para Agosto não se prevê quase nada. Falta animação na praia. Tenho clientes que vieram em Agosto e não têm nada para se entreter. Nunca temos direito a um concerto com nomes apelativos”.
“Só temos um bar a funcionar. Uns fecharam e outros mudaram-se para a Praia do Pedrógão”, acrescenta Sandra.
“No ano passado, um jovem organizou um sunset e sentiu muitas dificuldades. Tem de existir um sítio onde as pessoas percebam que licenças são precisas e que os processos sejam rápidos”, sugere a comerciante. “A iniciativa privada, sozinha, não consegue.”
Óscar Martins tem um negócio de carrinhos a pedais e conta que há dois anos apresentou um projecto para a criação de um mini-golf e arborismo. Explica que a resposta da câmara tardou e foi negativa. “Agora já enviei a proposta para a câmara de Leiria, para me cederem espaço na Praia do Pedrógão”, afirma o jovem empreendedor.
Queixas sobre limpeza Outras comerciantes apresentam diferentes reclamações. Numa banca de venda de frutos secos, Cecília Silva aponta a falta de limpeza nas casas-de banho públicas. Para evitar a “vergonha” era preferível cobrar um pequeno valor e assegurar a sua manutenção, sugere a vendedora. Jorge César, dono de uma cervejaria e marisqueira, também desejaria ter um areal mais limpo, bem como mais cinzeiros colocados ao longo da avenida marginal. E, tal como Sandra Alves, também refere a dificuldade de fazer melhorias nas esplanadas, pelas dificuldades colocadas pela Agência Portuguesa do Ambiente. A câmara, consideram, deveria ser parceira destes empresários, e interceder junto da APA.
O Município da Marinha Grande responde que “continua a investir nas praias do concelho, fazendo uma aposta naturalmente mais intensa na época balnear, de modo a garantir a dinamização dos locais e o bem-estar de todos os que ali residem e que nos visitam”. Nesta praia “tem realizado operações de limpeza do areal, não apenas antes do Verão, como diariamente durante o período estival, sobretudo na zona junto à foz que é, naturalmente, afectada devido aos detritos que provêm do rio Lis”.
Em relação às casas de banho públicas, “a sua manutenção e higienização tem cumprido o plano estabelecido”. O investimento “na incrementação e colocação de caixotes do lixo enterrados, bem como em novos caixotes no areal, de modo a tornar mais aprazível a Praia da Vieira são hoje uma realidade”, prossegue a autarquia que destaca “o grande investimento que tem sido realizado na programação cultural, com o intuito de animar e atrair público, através de eventos semanais, muitos dos quais dinamizados em parceria com as associações locais”.
O município reafirma “o seu compromisso com a freguesia e com todos os que nos visitam, investindo e actuando para proporcionar as melhores condições e experiências possíveis a todos. Têm sido disso exemplo os elevados investimentos feitos na freguesia, muito superiores aos anos anteriores.”