O Centro Hospitalar de Leiria (CHL) alerta para os vídeos que foram difundidos nos últimos dias vídeos na rede social Facebook e que têm sido amplamente partilhados, “colocam em causa o esforço dos profissionais do CHL e propalam um conjunto de falsidades que os chamados ‘negacionistas’ têm aproveitado para propagar as suas teorias”.
O Centro Hospitalar de Leiria sublinha que um desses vídeos já foi “devidamente desmontado pelo programa Polígrafo SIC, mas que o seu autor reincidiu com um novo vídeo”.
1. Os vídeos em causa são de autoria de um cidadão já identificado;
2. O último vídeo filma zonas do hospital onde aparentemente não está ninguém, concluindo o seu autor, em som editado, que isso demonstra que não há doentes Covid no Hospital e que a sobrelotação deste e de outros hospitais é uma ficção, engendrada por médicos, enfermeiros e políticos, não explicando por que motivos;
3. O autor do vídeo não filma, por não ter acesso, os locais onde de facto estão os doentes, limitando-se a filmar as salas de espera e as salas de admissão, à meia-noite, uma das horas de menor afluência, sendo normal que as salas de espera estejam vazias, pois nesta fase não são permitidos acompanhantes nem visitas;
4. Ou seja, o autor do vídeo apresenta imagens aparentemente reais, mas descontextualizadas e enquadradas de forma absolutamente capciosa e incorrecta;
5. Desde que o serviço de ADR-SU (Área Dedicada para doentes com suspeita de Infecção Respiratória nos Serviços de Urgência) abriu, às 8 horas do dia 3 de Janeiro de 2021, até ao dia 25 de Janeiro, às 23:59 horas, foram atendidos 1.849 doentes; no mesmo período foram atendidos 3.658 utentes no Serviço de Urgência Geral (não Covid); ou seja, uma média diária de 80 doentes na ADR-SU e 159 doentes no SUG; é uma média de 239 doentes por dia, cerca de 10 doentes por hora;
6. O CHL deu indicações ao seu Gabinete Jurídico para reagir contra o referido cidadão, porque não pode permitir que estas alegações falsas campeiem pelas redes sociais, ofendendo os profissionais de saúde e a memória das vítimas desta terrível pandemia.
O centro hospitalar sublinha que tais conteúdos “colocam em causa o trabalho de centenas de profissionais e, sobretudo, humilham as vítimas e os familiares das vítimas desta terrível pandemia”.
Embora tenha sido denunciado e retirado do Facebook, o vídeo continua a ser partilhado em grupos dedicados a criar e partilhar falsas notícias existentes em plataformas como o Whatsapp ou Telegram.
Segundo o autor, é uma gravação supostamente feita no dia 23 de Janeiro de 2021. Nas imagens podemos ver que o relógio na parede da Urgência Geral, do Hospital de Santo André (Leiria), marca 23:50 horas.
O vídeo foi publicado por um perfil, que se identifica como Wilson Echevarria (Miguel), “bombeiro voluntário e estudante da Escola Superior de Enfermagem de Leiria”.
A voz que se escuta, em off, na filmagem descreve um cenário de uma Urgência Geral “às moscas”, muito diferente “daquilo que eles vêm falar cá para fora”, referindo-se aos profissionais de saúde. Repete: “é um hospital vazio, sem doentes, sem pessoas a morrer” (…) “não sei por que é tanta mentira dita”.
Pouco depois, dirige-se à “nova ala Covid do Hospital de Leiria” e, no exterior do edifício, sem nunca entrar nas zonas médicas, descreve o cenário de “calma” a que assiste, “num dia onde o número de mortos e de novos infectados atingiu mais um recorde diário”.