O número de candidaturas ao programa de comparticipação ao arrendamento da Câmara de Leiria está a aumentar, situação atribuída à perda de rendimentos decorrente da pandemia, revelou hoje a autarquia.
Segundo dados enviados à agência Lusa pelo município, “verifica-se um acréscimo nas candidaturas ao programa de comparticipação ao arrendamento, entre março e setembro”, quando “foram registados 108 pedidos para comparticipação ao arrendamento, mais 48 candidaturas” do que no período homólogo de 2019, em que foram contabilizados 60 pedidos.
“Há aqui duas situações, a primeira de pessoas que tinham emprego e que ficaram desempregadas devido à pandemia, o que levou à perda de rendimento dos agregados familiares, que têm muita dificuldade em assumir os encargos fixos, nomeadamente as rendas”, disse a vereadora Ana Valentim, que tem o pelouro do Desenvolvimento Social.
Acrescem “as famílias que estavam no mercado de trabalho informal e que também se viram sem rendimentos nenhuns”, referiu Ana Valentim.
“As primeiras podem ter caído numa situação de desemprego, mas podem vir a ter prestações da Segurança Social, sobretudo o subsídio de desemprego, e depois as situações mais graves, em que houve a perda total de rendimentos”, adiantou a vereadora.
O programa comparticipa 40% da renda em situações de carência comprovada e que cumpram os critérios do regulamento municipal, esclareceu Ana Valentim, adiantando que este ano o município despendeu cerca de 240 mil euros nesta medida.
“A realidade que estamos a viver é nova para o concelho de Leiria, onde a taxa de desemprego esteve sempre abaixo da média nacional. Com a pandemia, houve mais desemprego e o número de famílias que recorre aos Serviços da Acção Social da Câmara a solicitar ajuda aumentou”, assinalou.
A autarca exemplificou que, “no período de confinamento, em que o município teve os programas ‘Leiria Alimenta’ e ‘Leiria Vale’, havia pessoas que quando recebiam os cabazes notava-se que estavam em situação de carência alimentar”.
De acordo com informação da Câmara, as candidaturas apresentadas entre março, quando começou a pandemia, e setembro, ao programa de comparticipação ao arrendamento correspondem a “39 famílias nucleares, 30 famílias isoladas, 25 famílias monoparentais e 14 famílias alargadas”.
Já no que se refere aos pedidos de habitação social, “foram registados 21 pedidos, traduzindo em média três pedidos por mês, o que não corresponde a um acréscimo de pedidos, face ao mesmo período do ano de 2019”.
Na mesma informação, o município reconhece, ainda, que “tem havido mais dificuldade por parte da Câmara em receber as rendas devidas pelos arrendatários de habitação social”.
“No período em referência, a Câmara deixou de receber 9.583,54 euros de rendas e respetivo agravamento”, acrescenta, referindo que em março “existiam cerca de 194 famílias em lista de espera, sendo que agora são 215 famílias”.
No concelho de Leiria, propriedade da Câmara, existe “um total de 111 fogos de habitação social”, distribuídos pelas uniões de freguesias de Leiria, Pousos, Barreira e Cortes (25), e Santa Eufémia e Boa Vista (38).
Já na União de Freguesias de Marrazes e Barosa são 31, enquanto na União de Freguesias de Monte Redondo e Carreira existem três habitações sociais.
União de Freguesias de Parceiros e Azoia (5) União de Freguesias de Souto da Carpalhosa e Ortigosa (3), Coimbrão (1) e Maceira (5) são as restantes com habitação social no concelho.
O concelho de Leiria registou, desde o início da pandemia, em Março, 645 casos de Covid-19, mantendo-se 225 activos, segundo o último boletim da Comissão Distrital de Protecção Civil de Leiria, divulgado às 01:22 de hoje.
No mesmo período, 413 pessoas recuperaram da doença e foram contabilizados sete óbitos.