A responsável pelo Convento de Santa Clara, em Leiria, assumiu esta segunda-feira estar “muito preocupada” com o futuro das 93 freiras instaladas naquele lar, que funciona com metade do pessoal e sem material de protecção contra a pandemia.
“Estou muito preocupada. Temos 93 pessoas aqui, todas idosas, todas entre os 70 e tal e os 90 e tal anos, e 19 funcionárias, metade das quais foi para quarentena. Se temos a infelicidade de vir alguém aqui infectado…”, afirmou à agência Lusa a irmã Claudina de Carvalho Leite.
Actualmente, no convento de Leiria, que serve de lar às irmãs mais idosas, só entram as funcionárias para fazer o trabalho “mais urgente”. Mas, para adensar a preocupação da responsável, duas funcionárias apresentam sintomas de contágio pela Covid-19.
“As duas estão de baixa. Ligaram para a Saúde 24 e disseram que os sintomas eram disso. Mas uma fez o teste e deu negativo. A outra está à espera de fazer o teste, mas disseram-lhe que só era possível no dia 14”.
A irmã do Convento de Santa Clara das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição enviou no dia 02 um pedido de ajuda para a Unidade de Saúde Pública e para a Segurança Social, pedindo material de protecção individual, mas até ao momento não teve reacção.
“Ainda não obtivemos resposta. Tentámos adquirir material, mas não fomos a tempo, estava tudo encaminhado para os hospitais. Não temos luvas, máscaras, nem outro tipo de equipamento, como gel e álcool. Não estávamos prevenidas para uma situação como esta”, reconhece.
No convento, onde há várias freiras “doentes acamadas e semi-acamadas” devido a outras patologias, os tempos de pandemia vivem-se com “angústia e oração”, diz Claudina de Carvalho Leite.
“Estamos a rezar pelos profissionais de saúde e por quem está mais directamente com estes casos. Temos esperança. Deus está connosco e não nos vai abandonar, nem a nós nem às pessoas do mundo inteiro. Ele tem de nos valer”, concluiu.