Na sessão de arranque do Sínodo dos Bispos, o cardeal D. António Marto, bispo da diocese de Leiria-Fátima, apelou ao “discernimento comunitário” para fazer face “às tentações do clericalismo, da rigidez e do sectarismo”, e encontrar “consensos num processo espiritual de escuta”.
“Esta atitude marca uma visão da Igreja: Convida a passar de um modelo de Igreja clerical, a um modelo sinodal, baseada na corresponsabilidade de todos os fiéis leigos, fieis padres, fieis bispos, e fiel sucessor de Pedro”, afirmou, em Fátima, citado pela agência Ecclesia.
D. António reconheceu que a “visão clerical” foi um impedimento, na vida da Igreja, para a valorização “plena” dos valores “do Espírito Santo no povo de Deus, nos serviços e ministérios laicais” que agora “o Papa Francisco realiza”.
“A meta deste caminho é uma Igreja missionária, de portas abertas e em direcção às periferias. Estamos muito habituados a dizer «vinde à Igreja», mas Jesus disse ‘ide’. Até o Papa Francisco diz que a Igreja tem Jesus prisioneiro e ele quer sair, quer ir às periferias”, reforçou.
Sínodo dos Bispos
As dioceses portuguesas assinalam, a partir deste domingo, a fase inicial de consulta e mobilização das comunidades católicas no processo sinodal convocado pelo Papa, que decorre até 2023.
A auscultação das Igrejas locais é uma etapa criada pelo Papa Francisco, que pediu a cada bispo que replicasse a celebração de abertura que decorreu no Vaticano, a 9 e 10 de Outubro, com uma cerimónia diocesana.
D. António Marto pediu “aos pastores interesse e ajuda na implementação” da fase diocesana do Sínodo dos Bispos e apelou também aos responsáveis dos grupos e secretariados que “levem a peito esta causa”.
“Estimular confianças, laços de relações, cuidar de feridas, aprender uns dos outros e cuidar imaginário positivo que ilumina mentes, e restitua forças às mãos”, lembrou.
O cardeal sublinhou a “participação plena, interessada e activa” que “todos” são convocados neste “método inédito” do Papa para “responder aos desafios do mundo”.
“O Papa e a Igreja colocam muita esperança no Sínodo para encontrar caminhos, respostas pastorais para o anúncio hoje do Evangelho”, sublinhou. D. António Marto falava numa “escuta e debate”, mas não em “sondagem, um confronto entre grupos reivindicativos” e esclareceu que o processo sinodal “não se assemelha a um parlamento, onde as questões se resolvem por votação de maioria”.