Não faltam motivos para redescobrir o sexto rei de Portugal, O Lavrador, que viveu entre 1261 e 1325 e ascendeu ao trono em 1279. Em Leiria, os 700 anos da morte de D. Dinis vão ser assinalados ao longo do ano, com um programa “variado”, que “pretende chegar a todos”, incluindo as escolas, explica ao JORNAL DE LEIRIA a vereadora com os pelouros da Educação e da Cultura, Anabela Graça.
O município quer estar “à frente” nas comemorações a nível nacional e conta com a parceria da Sociedade Portuguesa de Estudos Medievais.
O plano de actividades agora divulgado contempla um ciclo de música medieval a decorrer ao longo do ano no castelo de Leiria, que, segundo Anabela Graça, vai “transportar o público para a época de D. Dinis honrando a tradição musical que caracterizou o seu reinado”, um ciclo de concertos infanto-juvenis, pela Academia Coral Mezzo, e palestras sobre poesia, “para dar a conhecer a obra” do rei-trovador.
Jornadas luso-espanholas
Ainda com o mesmo objectivo, a personagem histórica a quem é atribuída a expansão do Pinhal de Leiria será o tema e principal inspiração da edição de 2025 do Leiria Medieval, que vai destacar “o papel” do monarca “no desenvolvimento da região de Leiria”, adianta Anabela Graça. “E pretendemos encerrar o ano com um grande momento que são as décimas jornadas luso-espanholas de história medieval”, em que “investigadores portugueses e espanhóis irão apresentar trabalhos alusivos ao rei D. Dinis”.
A vereadora lembra “a importância que D. Dinis teve em Leiria” e “o legado que deixou” no país, em que aponta “a criação da primeira universidade portuguesa, a sua vertente da poesia e da literatura” e “a sua dimensão em termos de estratégia geopolítica e militar, ao construir a torre de menagem do castelo de Leiria”, para vincar a necessidade de “homenagear” o filho de D. Afonso III e pai de D. Afonso IV e “educar e envolver a comunidade através do conhecimento”.
Cantigas no castelo
Esta terça-feira, cumpriram-se 700 anos da morte de D. Dinis, que faleceu a 7 de Janeiro de 1325. Na Igreja de São Pedro, em Leiria, o município anunciou o programa previsto para o resto do ano, num lançamento com a participação de Saul António Gomes e de Maria Helena da Cruz Coelho, presidente da Sociedade Portuguesa de Estudos Medievais.
Também anteontem, na Igreja de São Pedro, teve lugar o primeiro concerto – com o título A Melodia de D. Dinis – do Ciclo de Música Medieval de Leiria 2025, dirigido e organizado pelos músicos Esin Yardimli Alves Pereira e Ricardo Alves Pereira, fundadores do TWB Ensemble. Acompanhados por Paul Johnson e Jorge Luís de Castro, tocaram a música que emana do Pergaminho Sharrer, documento identificado na Torre do Tombo, em 1990, pelo norte-americano Harvey L. Sharrer, em que se inclui a notação musical medieval de sete cantigas atribuídas a D. Dinis que são consideradas as mais remotas cantigas profanas de origem portuguesa.
Até Dezembro, no castelo, o segundo Ciclo de Música Medieval de Leiria oferece mais seis eventos com conversas, oficinas e concertos dedicados à música e à poesia do rei-trovador, a que se associam o medievalista Eduardo Paniagua, o luthier Orlando Trindade, as cantoras Maria Bayley e Joana Godinho e ainda o cantor, escritor e poeta Fernando Ribeiro, dos Moonspell. O próximo realiza-se a 22 de Março.