É talvez o nome mais surpreendente na lista de autores do próximo Festival da Canção: Dapunksportif. O telefonema (e convite) de Nuno Galopim coloca a banda de Peniche no ecrã que chega a todas as casas e o vocalista Paulo Franco leva para o palco a experiência de uma vida inteira nas fileiras do rock, com companheiros de estrada que incluem Carlos Nobre (Carlão) no punk hardcore do projecto Os Dias de Raiva, Lena d’Água na versão Rock ‘n’ Roll Station ou Zé Pedro (Xutos & Pontapés), Tó Trips (Lulu Blind, Dead Combo, Club Makumba) e Samuel Palitos (Censurados) no colectivo Ladrões do Tempo.
A celebrar 20 anos em 2022, os Dapunksportif têm novo disco, o quinto longa duração, com o título Old, New, Fast ‘n’ Slow, em que se mantêm fiéis ao género stoner alimentado a válvulas incandescentes (eles o dizem, nas redes sociais) que lhes dá fama no circuito alternativo.
Paulo Franco e João Guincho (também com passagem em Os Dias de Raiva e Lena d´Água Rock ‘n’ Roll Station) são daqueles músicos para quem o ofício continua a depender da guitarra e de um amplificador ligado à corrente eléctrica, sempre sem concessões. O núcleo criativo e fundador da banda de Peniche faz-se acompanhar, na actual formação, por Fred Ferreira (bateria), Vicente Santos (teclas) e Filipe Brito (baixo). E é com o espírito da velha guarda que se junta ao batalhão de compositores do Festival da Canção 2023, em que constam André Henriques, April Ivy, Bandua, Bárbara Tinoco, Churky (de Alcobaça), Cláudia Pascoal, Ivandro, Jacinta, Neon Soho, Quim Albergaria, Sal, Teresinha Landeiro, The Happy Mess (de que faz parte Paulo Mouta Pereira, de Leiria) e You Can’t Win Charlie Brown (todos seleccionados pela organização) e ainda Inês Apenas (de Leiria), Voodoo Marmalade, Edmundo Inácio, Mimicat e Moyah (apurados através do mecanismo de livre submissão de canções).
“Ficámos surpresos”, reconhece Paulo Franco. “Muito surpresos”. Mas, também, “honrados”, dado “o reconhecimento da crítica especializada”.
Inês Apenas: “O palco do Festival é uma montra e temos de o aproveitar”
O desafio de Nuno Galopim, aceite nas primeiras 24 horas, implica estrear um tema inédito na RTP, já escrito, com que pretendem mostrar que o rock “está vivo”. Por outro lado, confere-lhes a exposição que acreditam merecer e de que nunca beneficiaram, nos grandes eventos ao vivo.
“A nossa expectativa é mostrar a nossa essência e a nossa energia”, diz o vocalista de Dapunkportif ao JORNAL DE LEIRIA. “Não vamos com tanta velocidade, digamos que há limites de velocidade naquela auto-estrada”, admite, porém, está lá tudo, com o mesmo coração e a mesma alma. “A nossa mensagem é combate rock, isto é uma luta. Combate no bom sentido, as nossas armas são as canções”.
Churky: “É uma grande oportunidade de fazer a minha música chegar ao público”
Old, New, Fast ‘n’ Slow é uma edição da Rastilho, de Leiria. O que vai acontecer em 2023, “ninguém sabe”, mas Paulo Franco assegura que o mais importante é não perder a identidade. “Aprendi a relativizar muita coisa ao longo destes anos, como músico e como pessoa”.
Quem os vê em concerto, “percebe que está perante algo que é real”. E antes da televisão e do Festival da Canção, a oportunidade para o confirmar, em Leiria, chega já na noite de 26 de Novembro, na Stereogun.