A direcção da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários da Marinha Grande demitiu-se em bloco, com efeitos imediatos por considerar “não estarem reunidas as condições necessárias à sua continuidade em funções”.
A decisão da direcção, liderada por Pedro Franco, surge depois das
demissões do comandante Ismael Osman, no dia 7 de Junho, “por motivos pessoais, não tendo sido apresentada qualquer divergência com a Direcção, contrariamente ao que foi sugerido em alguma comunicação social”, refere um comunicado publicado na página de facebook da associação.
No mesmo dia, o 2º comandante, Mário Silva, também apresentou a sua demissão, “por entender não ter condições profissionais, pessoais e emocionais para desempenhar a função”, lê-se na mesma nota.
Em declarações ao JORNAL DE LEIRIA, Pedro Franco sublinha que está e sempre esteve “de consciência tranquila” e tudo fez “para ajudar a associação”.
“Não estou nada arrependido de tudo o que fiz. Estas casas precisam de muito dinheiro e as entidades têm de perceber isso: INEM, Protecção Civil e outras. Estão apenas a empurrar um problema muito grande com a barriga, dando os mínimos”, critica.
Pedro Franco afirma que não se irá recandidatar e que irá continuar a assumir os compromissos imprescindíveis, como os pagamentos, até à tomada de posse de uma nova direcção.
A direcção reconhece as “dificuldades financeiras” que a associação atravessa, afirmando que “muito tem feito para tentar melhorar as condições de trabalho e salariais de todas as bombeiras, bombeiros e demais funcionários, quer junto do INEM, da Administração Regional da Saúde do Centro, da Secretaria de Estado da Protecção Civil e da Câmara Municipal da Marinha Grande, sem grande êxito”.
“Apontámos para a necessidade de aumentos salariais faseadamente ao longo dos próximos anos, começando já em 2023 com mais 50/75 euros por mês, que minimizassem as diferenças remuneratórias em relação ao sector profissional/municipal noutros corpos de bombeiros. É deveras preocupante, o insuficiente número de bombeiros que temos para um número crescente de população na área de intervenção do nosso corpo de bombeiros e subsequentemente aumento do número de ocorrências”, alerta ainda a direcção.
Segundo o comunicado, o número de recusas de serviços, “ora por falta de bombeiros ora por falta de ambulâncias, tem aumentado”, situação que foi comunicada às “respectivas entidades responsáveis”.
“Acima de tudo, independentemente das origens que levaram a esta decisão, quer esta direcção fazer parte sempre da solução, ainda que nem sempre nos tenha sido dada essa hipótese. Entendemos que é hora de dar a palavra aos associados”, refere a direcção, que endereça uma “palavra muito especial de gratidão para os bombeiros e bombeiras e restantes funcionários” , pelo “reconhecimento” do seu trabalho, “desempenho e empenho e que merecem muito mais e melhores condições trabalho do que esta direcção lhes pode infelizmente proporcionar”.
Segundo o JORNAL DE LEIRIA apurou cerca de 15 bombeiros decidiram apresentar a carta para passarem à reserva, situação que foi imediatamente revertida quando a direcção comunicou a sua demissão.