O distrito de Leiria tem a mais alta p ercentagem de condenados por posse de cocaína. Os dados constam dos relatórios da Coordenação Nacional para os Problemas da Droga, das Toxicodependênc ias e do Uso Nocivo do Álcool é fruto do trabalho do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Ad itivo s e nas Dependências (SICAD), no âmbito da execução do Plano Acção para a Redução dos Comportamentos Aditivos e Dependências.
De acordo com a informação relativa aos processos de contra-ordenações por consumo de droga, Leiria registou 436 acusações em 2018, o que representa 4,2% do total do País e uma diminuição de 27,6% face a 2017.
Em 2018, 73% das condenações ao abrigo da Lei da Droga estavam relacionadas com a posse de uma só droga: 59% cannabis, 9% cocaína, 4% heroína e 1% várias outras drogas.
Mas, o distrito de Leiria apresenta a percentagem de condenações por cocaína mais elevada do País: 33%. Pelo segundo ano consecutivo e contrariamente aos anos anteriores, predominou, nas decisões punitivas, a aplicação de sanções pecuniárias.
[LER_MAIS]Entre as sanções não pecuniárias continuam a destacar-se as relacionad as com a apresentação periódica em local designado pela Comissão para a Dissuasão da Toxicodependência, surgindo aqui algumas excepções distritais: Beja, Castelo Branco, Coimbra e Leiria. Nestes distritos predominaram as sanções relacionadas com a prestação de serviço gratuito/entrega monetária a favor da comunidade.
O crack continua a ser uma droga pouco expressiva em Portugal. Curiosamente, as únicas duas detenções registaram-se nos distritos de Leiria e Santarém.
Internamentos O número de utentes readmitidos em tratamentos para problemas relacionados com o uso de drogas e álcool aumentou pelo segundo ano consecutivo em 2018, após o decréscimo registado entre 2013 e 2016.
Em Leiria, 1258 utentes com problemas relacionados com droga estiveram em tratamento ambulatório, na rede pública. Destes, 93 pessoas foram inscritos pela primeira vez e 60 são resultado de readmissões. Os restantes utentes transitaram de anos anteriores. Relativamente ao consumo de álcool, do total de 313 pessoas em acompanhamento, 87 iniciaram tratamento pela primeira vez e 20 são reincidentes.
Cristina Barroso, coordenadora do Centro de Respostas Integradas de Leiria, que tem como área de influência o norte do distrito até à Marinha Grande, sublinha que a actuação junto dos utentes passa por uma equipa “multidisciplinar”.
No entanto, a falta de recursos é um dos principais entraves ao desenvolvimento de um trabalho mais rápido. “A prevenção é a nossa aposta, mas quando já há dependência é necessária a intervenção médica, porque esta população precisa ser medicada. A resposta é multidisciplinar e tentamos envolver a família sempre que ela está presente. O suporte familiar é essencial”, sublinha Cristina Barroso.
A responsável explica que, no alcoolismo, por exemplo, o internamento é “sempre necessário”. “Não é possível alguém deixar de beber em ambulatório. Reencaminhamos os utentes para o hospital Sobral Cid, em Coimbra, mas o tempo de espera é de cerca de dois meses. Tentamos gerir até lá. No caso da cocaína, que está ligada à impulsividade é necessária medicação, que permite uma maior abstinência. A metadona é só usada para a heroína.”
Mortes por álcool
Sem dados distritais, os documentos indicam que, nos registos do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses, no ano passado, dos 1.087 óbitos em que se detectou álcool no sangue, e sobre os quais havia informação sobre a causa de morte, 37% foram atribuídos a acidente, 37% a morte natural, 13% a suicídio e 5% a intoxicação alcoólica. Das 172 vítimas mortais em acidentes de viação que estavam sob a influência do álcool (TAS ≥ 0,5g/l), cerca de 75% eram condutores, 22% peões e 3% passageiros. Três em cada quatro vítimas tinham um teor de álcool no sangue igual ou superior a 1,2g/l. O relatório destac a também, no âmbito da criminalidade potencialmente relacionada com o consumo de á lcool, os c rimes de vi olência doméstica. Em 2018 foram registadas pelas forças de segurança 26.432 participações de violência doméstica, o valor mais baixo desde 2010, constatando-se uma tendência de diminuição nos últimos cinco anos. Leiria acompanha a tendência, tendo registado 879 casos, menos 19.