Foi em Carvide, aldeia do concelho de Leiria onde nasceu, que Pedro Baroso começou a ganhar gosto pela cozinha. Primeiro “por necessidade” de ajudar a mãe. Depois, pelo “desejo de aprender mais”.
Em 2010, com apenas 29 anos, mas já com uma vasta experiência na gastronomia portuguesa e mediterrânica, voou para bem longe (e alto). 'Aterrou' no último piso do edifício mais alto do mundo – a Torre Burj Khalifa, no Dubai, – para chefiar a cozinha do restaurante do famoso estilista Giorgio Armani.
No ano passado, desceu para a baía de Jumeirah, uma ilha esculpida em forma de cavalo-marinho, também naquela cidade, para abraçar um novo desafio: assumir o cargo de sous chef no Bulgari Hotel Dubai, no luxuoso restort da Marriot Internacional, a maior cadeira hoteleira do mundo, que está presente me mais de 60 países.
Pedro Baroso conta que o convite para o Bulgari Hotel aconteceu “surpreendentemente”, num momento em que estava a uma semana de rumar ao Japão, de onde tinha recebido uma proposta para liderar um hotel de charme de “uma grande companhia” hoteleira.
“Era um bom desafio, mas o Bulgari era muito melhor para mim. Por isso, decidi ficar no Dubai”, refere o chef, confidenciando que sempre assumiu que, no Dubai, só se mudaria para o Bugari, que pertence à “maior e melhor marca de hotelaria do mundo, que é a Marriot Internacional”.
O chef explica que “são dois projectos diferentes” e desafios “bastante distintos”. “No primeiro [Armani Hotel Dubai] estive como chef de restaurante. Agora, [no Bulgari Hotel] sou executive sous chef, gerindo uma equipa muito maior. O primeiro é um business hotel. O Bulgari é um resort em plena cidade”, concretiza Pedro Barroso.
[LER_MAIS] Outra diferença prende-se com os sabores que apresenta, com o novo projecto a não lhe permitir mostrar a riqueza e os sabores da gastronomia nacional, como acontecia no restaurante mediterrânico do Armani Hotel, onde confeccionava pratos de bacalhau, borrego, polvo, cataplana ou caldo-verde, por exemplo.
“Infelizmente a cozinha portuguesa não está presente no Bulgari, pois é uma marca que tem de apresentar, quase em todas as formas, uma cozinha italiana tanto moderna como mais tradicional.” Mas, frisa, “há sempre formas de ir buscar as nossas raízes e, por vezes, uso-as nos serviços especiais que faço”.
De necessidade a paixão
Nada previa na sua infância que Pedro Baroso se iria tornar cozinheiro. O amor por esta área nasceu da “necessidade de ajudar a mãe”. Depois, conta, “passou a ser o desejo de aprender mais e passou a paixão”.
“Se me perguntarem se sonhava ser executive chef, digo que não. Queria ser um simples cozinheiro. Mas depois de se entrar na alta cozinha, a ambição, claro, é ser chef executivo. É muito mais do que saber fazer um bom bife, um ovo estrelado ou outro qualquer prato. A gestão é a parte mais difícil da profissão”, nota o chef, de 36 anos.
Para já, regressar a Portugal não está nos seus objectivos. “Gosto de viver no Dubai, mas muito em breve devo ter um novo destino profissional fora do Dubai. Nesta profissão, tem de se viajar muito para ver o que se passa nos outros países e aprender com eles”, revela.
Carreira lançada no Penha Longa
Pedro Baroso formou-se na Escola de Hotelaria de Penacova, rumando depois a Lisboa para trabalhar na Quinta da Marinha. Mas foi no Penha Longa Resort, em Sinta, que se lançou definitivamente na carreira.
Começou como cozinheiro de terceira, mas depressa se fez notar. Esteve nove anos neste hotel de luxo, que considera ter sido uma grande escola, tendo trabalhado directamente com Sergi Arola, famoso chef detentor de duas estrela Michelin.
O cozinheiro leiriense trabalhou ainda em vários hotéis da cadeira Ritz Charlon, nomeadamente em South Beach (Miami, EUA), Istambul (Turquia) e Tenerife (Espanha).
Em Portugal, esteve também no Hotel Quinta da Marinha (Cascais), no Hotel Pestana Carlont Madeira (Funchal) e Hotel Pousada de São Brás de Alportel (Algarve).